LÂMPADA PARA OS MEUS PASSOS



─ Senhor, tu acendes minha lâmpada; meu Deus, ilumina minhas trevas (Salmo 18,29). Mostra-me, Senhor, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas, faz-me caminhar na tua verdade (Salmo 25,4-5).
O salmista pede a Deus a sua luz, porque tem a experiência de que, sem ela, a vida é triste, é como se a pessoa girasse nas trevas à volta e si mesma, perdendo-se num túnel sem saída. Só Deus é luz (1 Jo 1,5). E quando nós lhe suplicamos que nos conceda a fé – envia a tua luz e a tua verdade! (Sl 43,3) –, experimentamos com alegria que lâmpada para meus passos é a tua palavra e luz no meu caminho (Sl 119,105). Saímos, então, do túnel e podemos maravilhar-nos com «o esplendor e a segurança e o calor do sol da fé»[1].
Um escritor inglês converso, Evelyn Waugh, expressava assim a sua descoberta da luz: «É como sair de um mundo de espelhos, onde tudo é uma caricatura absurda, para entrar no autêntico mundo criado por Deus; a partir de então é que começa o delicioso processo de explorar o mundo sem limites».
  • O caminho dos mandamentos. Um rumo: isso é o que pedia aquele homem jovem que procurou Jesus no meio do caminho. Queria um roteiro para chegar à vida eterna. Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna? Jesus começou mostrando-lhe o básico – cumpre os mandamentos [os dez Mandamentos]  –, e, a seguir, indicou-lhe o caminho da plenitude que podemos viver andando com ele nesta terra: Deixa tudo e segue-me. Aquele homem não teve coragem (tinha muitas posses), deu meia volta, abaixou a cabeça e retirou-se triste (cf. Mc 10,17-22).
Você se lembra de que, no começo da sua pregação, Jesus disse: Não penseis que vim revogar a Lei e os profetas. Não vim revogá-los mas dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Esse pleno cumprimento consiste em elevar os dez mandamentos ao nível do amor, de um amor semelhante ao de Cristo.
Assim, por exemplo, ao mandamento de «não matar», Jesus acrescentou os de «não se irritar» nem «insultar» o próximo. O sexto e o nono mandamentos,  referem-se a atos que se cometem: aos pecados de «fornicação» e «adultério»; Jesus elevou-os um nível alto de amor: não só abster-se de cometer atos, mas cortar pela raiz o olhar infiel e o mau desejo (ver capítulo 5 do Evangelho de São Mateus).

  • Seguir a Cristo. Você já descobriu essas belas luzes do caminho cristão? Já compreendeu o apelo de Jesus, que nos diz: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).
Na Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro, o Papa Francisco dizia aos jovens, comentando a parábola do semeador: «Quando aceitamos a Palavra de Deus, então somos o “Campo da fé”. Por favor, deixem que Cristo e sua Palavra entrem em sua vida, deixem entrar a semente da Palavra de Deus, deixem que germine, deixem que cresça. Deus faz tudo, mas vocês deixem-no fazer, deixem que Ele trabalhe nesse crescimento»[2] .
– «Deixem que Cristo e sua Palavra entrem em sua vida». Você o deixa entrar, abrindo-lhe o coração e a mente? Você – jovem ou menos jovem – lê e medita todos os dias algum trecho do Evangelho, do Novo Testamento? Todos sabemos da enorme ignorância do Cristianismo que há hoje na maioria dos ambientes. Não nos instalemos cegamente nessas sombras! Procuremos sair para a luz.
– «Deixem que germine a Palavra de Deus», acrescentava o Papa. “Germina” quando aprofundamos nela – estudando, meditando –, e nos esforçamos por encarná-la na prática cotidiana. Sabe quando se nota que a Palavra germina em nós? Quando não só proporciona doutrina, mas nos faz ouvir a voz de Deus que atinge diretamente o coração. Deste modo, captamos por experiência a sua beleza, e ficamos cada vez mais com mais fome de conhecê-la.
«A fé – dizia Bento XVI – é um amor que cativa o homem e lhe mostra o caminho a seguir, mesmo que essa fé seja cansativa, uma escalada que parece loucura…; mas que se mostra o único caminho possível, que não trocaríamos por conforto nenhum, nós que estamos engajados na aventura»[3].
«Deixem que a Palavra de Deus cresça», pedia ainda o Papa. Cresce em nós quando a alimentamos, como semente plantada na alma. De que modo?  –Com os Sacramentos: a Confissão e a Eucaristia; – Com a oração:  mental e vocal; – Com o cumprimento dos nossos deveres cotidianos (no lar, no trabalho, no convívio social), praticados com perfeição, por amor a Deus e ao próximo.


[1] Caminho, n. 575
[2] Palavras do Papa Francisco no Brasil, Ed. Paulinas, São Paulo 2013, pág. 113
[3] Da entrevista O sal da terra. Em Dag Tessore: Bento XVI. Questões de fé, ética e pensamento na obra e Joseph Ratzinger. Ed. Claridade, São Paulo 2005, pág. 51

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