Testemunho de Priscila Goes

 



Eu fui fruto de um duplo adultério, um plano de aborto foi gerado por isto e muito medo das consequências. Minha mãe e eu fomos vítimas de violência doméstica durante os nove meses de gestação. Quando nasci, fiquei três dias sem encostar nela, pois ela estava com uma espécie de urticária, quando voltamos para a nossa casa, fomos surpreendidas por um arrombamento desta, com o forte barulho, assustei-me muito e desmaiei, minha tia que cuidava de nós tirou-me do berço desmaiada e colocou-me debaixo do chuveiro frio para eu reagir, após isto comecei a ter crises que médico algum conseguia descobrir do que se tratava, até que com 11 meses um desses revelou que se tratava de síndrome traumática por causa das violências sofridas. Ainda criança, fui raptada e abusada sexualmente. Na adolescência sofri bullying por ser uma menina bruta e inconstante, posteriormente, fui diagnosticada com transtorno de humor.

O homem que eu acreditava ser meu pai faleceu e depois de três anos descobri que ele não era meu pai biológico, então conheci o meu verdadeiro pai que não pôde me assumir como filha por conta de sua família e filhos, eles não sabiam da minha existência.
Eu cresci em um bairro periférico na minha cidade, onde a maioria dos usuários de droga moravam, então quando eu dizia que era de tal bairro, as pessoas me olhavam torto e as mães das minhas colegas proibiam-nas de andar comigo e de visitar minha casa.
O tempo foi passando e eu me tornei uma jovem deprimida, chorava todos os dias, e as pessoas costumavam me chamar de “chata”, “insuportável”, então quase não tinha amigos. Eu buscava a figura do meu pai nos rapazes, então as relações nunca davam certo, por causa desta carência. Então, decidi que iria estudar, fui morar na capital e comecei a vender doces na faculdade para poder pagar as contas, quando ocorreu outra espécie de assédio moral, o doce mais vendido era o alfajor, então este era o meu apelido na sala, meus colegas pirraçavam sem dó. Mas não desisti, consegui um estágio e perseverei até me formar. Após isto, meu pai e eu nos reaproximamos, pois ele precisou se hospedar na minha casa por questões de doença, então ele pôde conhecer a minha essência e a reconheceu.
Na faculdade, sempre fui uma boa aluna e ao me formar, continuei como voluntária no estágio, após finalizar a especialização, a instituição me convidou para ensinar em um curso da pós-graduação lato sensu. Neste período, comecei a escrever meu primeiro livro (Caderninho e outros contos) e a dar palestras em outras faculdades. Houve um concurso de melhor trabalho de conclusão de curso, no qual me inscrevi e ganhei o prêmio em primeiro lugar. Comecei a acreditar que Deus tinha planos para mim. Embora ainda sofresse de depressão e tivesse tentado suicídio algumas vezes, continuei perseverando.
No ano seguinte, decidi abrir uma editora, muitas pessoas zombaram de mim, chamando-me de “louca e sonhadora”, mas pesquisei, estudei e abri a editora, publicando o segundo livro, que foi meu TCC “Quarto de despejo: autoficção e o mito do escritor”, que conta a história de Carolina de Jesus, ex catadora de papel. Neste mesmo ano, fui a São Paulo, no museu Afro, conhecer os escritos originais desta escritora. Mais uma vez, pude sentir que Deus tinha planos para mim.
Comecei a divulgar a editora e escritores de Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Salvador... começaram a me contratar para publicar seus livros. Então, as mesmas pessoas que me criticaram, passaram a dizer “Deus puxa seu saco, você está sendo honrada”.
Decidi que faria seleção para mestrado, fiz e passei em 6* lugar. Por questões da depressão, não consegui fazer e precisei ir embora da capital que morava e voltei para o interior onde cresci. Tive uma crise terrível, na qual perdi totalmente a razão, não conseguia raciocinar claramente, várias pessoas da igreja começaram a orar por mim, iam até meu quarto na casa de minha mãe e erguiam a voz em oração, até que eu consegui me reerguer.
Fui convidada para ensinar em outra faculdade, no interior, onde comecei com uma disciplina, no primeiro semestre. No segundo semestre, já estava com duas disciplinas, no terceiro semestre, com as duas e na organização de um projeto de escrita e leitura com mais dois colegas.
Tornei-me autônoma de mim mesma novamente, fui morar sozinha em um apartamento no centro da cidade, comprei meu primeiro carro, continuei editando novos livros, lancei a versão inglesa do meu segundo livro, um terceiro sobre depressão e universidade na modernidade líquida, e meu primeiro romance “O piano e a noite”. Para completar a boa obra, Deus me concedeu o quarto lugar em um Doutorado fora do Brasil, um lar na residência universitária da instituição e meus empregadores manterem meu trabalho de forma remota, para fazer o que mais amo e nasci para fazer: ensinar.

Hoje, olhando para tudo isto, concluo que, sim, Deus tem planos para mim. Eu O digo: Eis-me aqui, Pai, envia-me a mim. Deus chama as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias. Deus é Deus de dupla honra! Tão somente creiamos e sejamos fortes e corajosos! “Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis o dobro e tereis perpétua alegria”.(Isaías 61:7).


Retirado de:

https://www.youtube.com/watch?v=B435eLTr-2k

Comentários

  1. Fantástica menininha!
    Deus, Pai Eterno, Sabedoria, Amor e Misericórdia infindáveis
    .
    Para todos há um plano.
    " Sejamos fortes e corajosos", diz a Menininha, citando Isaías. Oh, como amo as coisas e pessoas de Deus!

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