O HOMEM DO POÇO

O belga Jacques Leclecq, num velho livro sobre o ano litúrgico, contava a “parábola” do homem que morava no fundo de um poço: pequeno, estreito, escuro e úmido. A lama e a umidade eram a sua inseparável companhia. Mas lá estava ele vivendo; melhor dizendo, lá estava vegetando.
Um dia sentiu vontade de olhar por cima do poço. Deu um pulinho, pôs as mãos na beirada, fez força, ergueu-se um pouco e viu o esplendor da terra: árvores, caminhos a perder de vista no horizonte, montanhas, relva ensolarada dos pastos, flores, pássaros… Após uns instantes de deslumbramento, o homem abaixou a vista e resmungou: – “Tudo isto é muito complicado”. E voltou a encolher-se no fundo do poço.
É bom que nós pensemos se – depois de tantos sonhos – não ficamos sendo “homens do poço”, que correm o perigo de ir vegetando pela vida, e de acabá-la no escuro, sem sentido nem fruto. Como o protagonista daquele romance já esquecido que se intitulava «Viveu para nada».
Adaptação de um trecho do livro As verdadeiras alegrias
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