Efeitos da Sagrada Comunhão

O que o alimento produz no corpo para bem da vida física, assim produz na alma a Eucaristia, de modo infinitamente mais sublime, o bem da vida espiritual. Mas enquanto o alimento se converte na nossa substância corporal, ao recebermos a Sagrada Comunhão, somos nós os que nos convertemos em Cristo: «Não me converterás tu em ti, como a comida na tua carne, mas que tu te converterás em Mim». Mediante a Eucaristia a nova vida em Cristo, iniciada no crente com o Batismo (cf. Rm 6,3-4; Gal 3,27-28), pode consolidar-se e desenvolver-se até alcançar a sua plenitude (cf. Ef 4,13), permitindo ao cristão levar a bom termo o ideal enunciado por S. Paulo: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2,20) [16].
Por conseguinte, a Eucaristia configura-nos com Cristo, faz-nos participantes do ser e da missão do Filho, identifica-nos com as suas intenções e sentimentos, dá-nos a força para amar como Cristo nos pede (cf. Jo 13,34-35), para inflamar todos os homens e mulheres do nosso tempo com o fogo do amor divino que Ele veio trazer à Terra (cf. Lc 12,49). Tudo isto deve manifestar-se efetivamente na nossa vida: «Se fomos renovados com a recepção do Corpo do Senhor, temos de o manifestar com obras. Que os nossos pensamentos sejam sinceros: de paz, de entrega, de serviço. Que as nossas palavras sejam verdadeiras, claras, oportunas; que saibam consolar e ajudar, que saibam sobretudo levar aos outros a luz de Deus. Que as nossas ações sejam coerentes, eficazes, acertadas: que tenham esse bonus odor Christi , o bom odor de Cristo, por recordarem o seu modo de Se comportar e de viver».
Na Sagrada Comunhão, Deus aumenta a graça e as virtudes, perdoa os pecados veniais e a pena temporal, preserva dos pecados mortais e concede a perseverança no bem: numa palavra, estreita os laços de união com Ele (cf. Catecismo, 1394-1395). Mas a Eucaristia não foi instituída para o perdão dos pecados mortais; isto é próprio do Sacramento da Confissão (cf. Catecismo, 1395).
A Eucaristia fomenta a unidade de todos os cristãos no Senhor, isto é, a unidade da Igreja, Corpo Místico de Cristo (cf. Catecismo, 1396).
A Eucaristia é penhor ou garantia da glória futura, ou seja, da ressurreição e da eterna felicidade junto de Deus, Uno e Trino, dos Anjos e de todos os Santos: «Tendo passado deste mundo para o Pai, Cristo deixou-nos na Eucaristia o penhor da glória junto d'Ele: a participação no santo sacrifício identifica-nos com o seu coração, sustenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e desde já nos une à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os santos» (Catecismo, 1419).

Ángel García Ibáñez
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 1373-1405.
João Paulo II, Enc. Ecclesia de Eucharistia, 17-IV-2003, 15; 21-25; 34-46.
Bento XVI, Ex. Ap. Sacramentum caritatis, 22-II-2007, 14-15; 30-32; 66-69.
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 25-III-2004, 80-107; 129-145; 146-160.


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