Procurar Cristo: na Palavra

Procurar Jesus na Palavra 

Toda a Bíblia, toda a Sagrada Escritura ─ Palavra de Deus ─ nos encaminha para Cristo. Tendo Deus falado outrora aos nossos pais, muitas vezes e de muitas maneiras, pelos profetas ─ diz a Carta aos Hebreus ─, agora falou-nos, nestes últimos tempos, pelo Filho…, resplendor da sua glória e imagem da sua substância (Hb 1, 1-3).
Comentando esse texto, São João da Cruz afirmava que Jesus, sendo o cume da revelação de Deus aos homens, é «a Palavra única de Deus, e outra não há. Deus tudo nos falou de uma só vez nesta única Palavra, e nada mais tem a falar»[1].
Neste mesmo sentido, o teólogo medieval Hugo e São Vítor declarava: «Toda a Escritura constitui um único livro, e o seu título é Cristo». Tudo nela ─ se deixamos que o Espírito Santo nos abra os olhos ─ fala, de um modo ou de outro, de Jesus, o Messias prometido, o Salvador dos homens.
Umas vezes anuncia-o entre véus, por imagens e símbolos, outras por profecias, outras retratando de maneira espantosamente exata momentos da vida de Jesus, como faz Isaías “descrevendo” a Paixão do Senhor muitos séculos antes de que acontecesse (cf. Is 53, 2 ss).
Dentro da Bíblia, como é natural, o “rosto” de Cristo se manifesta plenamente nos quatro Evangelhos. Conhecendo-os, saboreando-os, meditando e aprofundando neles, “veremos” Cristo e o nosso coração se inflamará. Reviveremos, assim, a experiência dos discípulos de Emaús: Não ardia o nosso coração dentro de nós, enquanto nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?(Lc 24, 32).
Pergunte-se agora: Como é o meu conhecimento dos Evangelhos? Deveria ser  grande, minucioso, saboreado, profundo. Uma leitura diariamente aprofundada, num clima de reflexão e oração. Infelizmente, não é essa a atitude de muitos católicos.
Falta o hábito daquilo que os fiéis de tempos antigos chamavam  lectio divina, a leitura orante. Todos os dias procuravam ler e meditar alguns trechos do Evangelho, perguntando-se: «O que diz? O que me diz? O que vou responder a essas palavras que o Espírito Santo ─ autor principal e inspirador da Escritura Sagrada ─me dirige pessoalmente?»
«O Senhor chamou-nos ─ escreve são Josemaria ─ para que o seguíssemos de perto; e nesse texto santo, encontrarás a vida de Jesus; mas, além disso, deves encontrar a tua própria vida… Esses minutos diários de leitura do Novo Testamento que te aconselhei ─ metendo-te e participando no conteúdo de cada cena, como um protagonista mais ─, são para que encarnes, para que “cumpras” o Evangelho na tua vida…»[2].
Não podemos contentar-nos com ter «uma ideia geral do espírito de Jesus, mas é preciso aprender dele pormenores e atitudes… Quando amamos uma pessoa, desejamos conhecer até os menores detalhes da sua existência, do seu caráter, para assim nos identificarmos a ela. É por isso que temos que meditar na história de Cristo, desde o seu nascimento num presépio até à sua morte e sua ressurreição»[3].
Veja o conselho prático que, a esse respeito, dava o Papa Francisco: «Na presença de Deus, numa leitura tranquila do texto, é bom perguntar-se, por exemplo: “Senhor, a mim que me diz esse texto? Com esta mensagem, que queres mudar na minha vida? Por que é que isto não me interessa? Ou então, de que é que eu gosto? Em que me estimula esta palavra? O que me atrai? Por que me atrai?”»[4].
Se fizermos isso, acabaremos olhando para o rosto de Jesus e lhe diremos como Pedro: Só tu tens palavras de vida eterna (Jo 6, 68).
Ao mesmo tempo, essa leitura que aprende a escutar a voz de Deus, é o início de um diálogo, pois suscita em nós a vontade de dar uma “resposta”, de praticar uma conversa que nos identifique cada vez mais com Jesus [5].

Do livro de F.Faus Procurar, encontrar e amar a Cristo, Ed. Cultor de Livros 2018

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