Procurar Jesus na Eucaristia

O cristianismo é essencialmente uma Pessoa viva: Jesus.
Ora, não há nenhum ”lugar” onde possamos encontrar Cristo vivo melhor do que na Eucaristia.
Gosto muito de um quadro natalino de Gentile da Fabriano, que se encontra na Galleria degli Uffizi, em Florença. O Menino Jesus, no colo da Mãe, acaricia com a mãozinha esquerda a calva de um dos três Magos, que está prostrado a seus pés. Uma cena familiar, como um netinho com o avô.
Pois bem, esse Jesus amoroso, cheio de ternura é o mesmo que encontramos ─ feito pão vivo ─ na Eucaristia. Podemos encontrá-lo, assim, intimamente:
─ quando o adoramos na elevação da Hóstia consagrada na Missa («Meu Senhor e meu Deus!»)
─ quando o recebemos na Sagrada Comunhão («Bem-vindo a mim, Jesus!»)
─ quando o visitamos presente no Sacrário («Creio que estás aqui, que me vês, que me ouves!»).
Estamos, sem dúvida, diante do maior mistério do Amor de Deus, pois na Eucaristia Jesus não só se faz presente, como atualiza o mistério pascal ─ cume da sua vida e sua entrega ─ , ou seja, o mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição redentoras. Se o cético Tomé ficou desvanecido ao apalpar com suas mãos as chagas de Jesus ressuscitado, pense que nós o “apalpamos” todas as vezes que comungamos.
«Na santíssima Eucaristia ─ escreveu são João Paulo II ─ está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo[1]
»A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo seu Senhor, não como um dom, embora precioso, entre muitos outros, mas como o dom por excelência, porque dom d’Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua obra de salvação…
»Esta obra não fica circunscrita no passado, pois tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente»[2].
Paremos agora uns momentos para deixar o coração prorromper em propósitos (talvez unidos a lágrimas) de amar muitíssimo mais a Eucaristia. Mas de amar de modo prático, com obras e de verdade.
Que tristeza nos deveria produzir a lembrança do nosso frequente descaso da presença do Senhor nesse mistério. Amor com amor se paga. Nós, muitas vezes já o pagamos com gelada indiferença.
Que fazer, então? Simplesmente, procurá-lo com mais força e amor na Eucaristia:
  • Primeiro, participando da Santa Missa todos os domingos e dias de preceito… e, sendo possível, aumentando a assistência, até chegar à participação diária ou quase diária.
  • Em segundo lugar, decidindo-nos a comungar com a maior frequência possível, sempre que tenhamos as devidas disposições, e confessando-nos antes, se alguma falta de mais entidade nos impede de comungar.
  • E ainda, dispondo-nos a visitá-lo, se possível diariamente, no Sacrário, mesmo que só possamos permanecer junto dele ─ no silêncio de uma igreja ou capela ─ por uns poucos minutos.
A respeito da visita ao Santíssimo, são João Paulo II abria a sua alma com palavras tocantes: «É bom demorar-se com Ele e, inclinado sobre o seu peito como o discípulo predileto (cf. Jo 13, 25), deixar-se tocar pelo amor infinito do seu coração. Se atualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo pela “arte da oração”, como não sentir de novo a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento?
»Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio!… A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da Missa permite-nos beber na própria fonte da graça… Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo, não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do corpo e sangue do Senhor»[3].
Do livro de F. Faus Procurar, encontrar e amar a Cristo, Cultor de Livros 2018
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[1] Concílio Vaticano II, Decreto Presbyterorum Ordinis, n. 5
[2] Encíclica Ecclesia de Eucaristia, n. 11
[3] Encíclica Ecclesia de Eucharistia, n. 25«

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