Que encontres Cristo

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Um oceano sem fundo

São Paulo, na Carta aos efésios usa uma expressão muito sugestiva. Fala de que a mim, o menor de todos os cristãos, coube-me a graça de anunciar entre os pagãos as insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3,8).
Ele tem consciência de que o mistério de Cristo é como um oceano sem fundo, insondável, onde por mais que se penetre, nunca se chega ao fim.
Confesso-lhe que me produz tristeza e malestar ouvir alguém que, quando lhe sugiro que leia diariamente o Evangelho, me responde: «Os Evangelhos, eu já li». É como um soco, não no estômago, mas no coração. Como é possível?
Uma pessoa pode viver cem anos, meditando cada dia atentamente o Evangelho, e dar-se conta de que não captou senão uma pequena parte dos tesouros que nele se encerram.
«Alegra-te pelo que entendeste ─ dizia santo Efrém, o Sírio ─ , e não te entristeças pelo que ainda fica por compreender. O sedento alegra-se quando bebe e não se entristece porque não pode esgotar a fonte… Quando voltares a ter sede poderás de novo beber dela… O que por tua fraqueza não conseguiste captar em um determinado momento, poderás captá-lo em outra ocasião, se perseverares»[1].
Por isso, o cristão que diz «já li o Evangelho, já o conheço», pode estar certo de que ainda não encontrou Cristo. Adquiriu, quando muito, uma informação superficial e fragmentária, mas não encontrou Jesus.
São João da Cruz nos incentiva com uma comparação muito bela: «Assim, há muito que aprofundar em Cristo, sendo Ele qual abundante mina com muitas cavidades cheias de ricos veios, e por mais que se cave, nunca se chega ao termo, nem se acaba de esgotar; ao contrário, se vai achando em cada cavidade novos veios de novas riquezas, aqui e ali, conforme testemunha são Paulo quando disse do mesmo Cristo: Em Cristo estão escondidos todos os tesouros de sabedoria e ciência (Cl 2,3)»[2].
Na sua primeira encíclica, A alegria do Evangelho, o Papa Francisco ilustrava este mesmo pensamento: «Cristo é a Boa Nova de valor eterno (Ap 14,3), sendo o mesmo ontem, hoje e pelos séculos (Hb 13,8), mas a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis. Ele é sempre jovem, e fonte de constante novidade. A Igreja não cessa de se maravilhar com a profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência de Deus (Rm 11,33)… Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas…»[3].
De que condições precisamos para encontrar cada vez mais as insondáveis riquezas de Cristo?
Vou responder com palavras de são Josemaria já citadas em textos anteriores: «Purifica-te. Clarifica o teu olhar com a humildade e a penitência. Depois… não te hão de faltar as luzes límpidas do Amor. E terás uma visão perfeita»[4].
Sobre a base da fé, que é o alicerce imprescindível, fazem-nos falta, portanto, duas coisas:
  • Purificar-nos, procurar limpar o nosso coração
  • Clarificar o nosso olhar espiritual com a humildade e a penitência
Do livro de F. Faus Procurar, encontrar e amar a Cristo, Cultor de Livros 2018
________________
[1] Diatéssaron 1, 18-19
[2] Cântico espiritual, canção 37, 4
[3] Carta encíclica Evangelii Gaudium, n. 11
[4] Caminho, n. 212

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