Ó alma!




Ó alma, que choras os teus pecados, teme o juízo divino, que é um abismo profundo. Teme vivamente, ainda que já sejas penitente, voltar a desagradar a Deus. Teme mais ainda, mesmo agora, ofender novamente a Deus. Teme acima de tudo seres finalmente separada de Deus, privada para sempre da luz, ardendo para sempre no fogo e roída pelo verme que não morrerá. Teme tudo isso, se uma penitência verdadeira te não obtiver que morras em graça, e canta com o profeta: «O meu corpo estremece de temor na tua presença, e os teus decretos inspiram-me respeito.» (Sl 118, 120).

Entretanto, deseja os dons celestes. Eleva-te pela chama do amor divino até Deus, que tão pacientemente suportou os teus pecados, te esperou com tanta longanimidade e te reconduziu à penitência com tal misericórdia, pelo perdão, a infusão da graça e a promessa da coroa eterna. Ele apenas te pede que Lhe ofereças, ou antes, que dele recebas para Lhe oferecer, o sacrifício de um espírito contrito, de um coração contrito e arrependido (cf Sl 50,19) por amarga compunção, por uma confissão sincera e uma satisfação justa.

Deseja com ardor que Deus te prove o seu amor com uma ampla comunicação do Espírito Santo. Deseja com mais ardor ser-Lhe conforme por via de uma fiel imitação de Jesus crucificado. Acima de tudo, deseja possuir Deus na visão clara do Pai eterno, a fim de que possas, em verdade, cantar com o profeta: «A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo! Quando poderei contemplar a face de Deus?» (Sl 41,3)

São Boaventura

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