A vida contra Satanás
[Zenit] Pouco antes da sua morte o conhecido exorcista escreveu um livro-entrevista no qual exorta a não se entregar na batalha contra as potências das trevas.
Frei Matteo La Grua, OFMConv. (1914-2012) foi um renomado exorcista de fama internacional. A sua longa vida foi marcada por muitas virtudes e carismas especiais, desde as capacidades taumatúrgicas até o dom de expulsar demônios.
Os últimos 40 anos da sua vida, padre Matteo passou na direção dos grupos palermitanos da Renovação Carismática, onde existe a oração de libertação.
Dele, Padre Gabriele Amorth disse: "Nunca existiu exorcista mais poderoso".
Poucos meses antes de morrer, muito velho e doente, mas lucidíssimo, Frei La Grua confiou à jornalista Roberta Ruscica a tarefa de criar um livro-entrevista com ele. Uma espécie de testamento espiritual, fortemente desejado por ele, no qual o exorcista narra a sua atividade e exorta sacerdotes e leigos a nunca desistirem da batalha contra o maligno.
Daí resultou o livro: "Contra Satanás". A minha luta para vencer as potências das trevas (Piemme, 2012 - ainda não traduzido para o português). Sobre o conteúdo do livro-entrevista, ZENIT entrevistou Roberta Ruscica.
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ZENIT: Padre Matteo La Grua faleceu quase com cem anos em janeiro de 2012. Por qual motivo, sentindo que o fim se aproximava, ele sentiu a necessidade de ser entrevistado não com um simples artigo, mas com um livro de mais de 200 páginas?
Roberta Ruscica: Esta jornada começou na manhã em que bati na porta da sua secretaria. Ou melhor, no laboratório dos milagres, porque são inumeráveis as curas – não somente espirituais – que acontecem também hoje. Naquele dia eu me apresentei como uma jornalista que queria vencer mais um "desafio" porque "o Frei da Noce" "expulsava" os repórteres curiosos e chatos... Para mim, primeiro abriu a porta do seu cenáculo, depois aquela do seu coração. Frei Matteo não escolheu uma jornalista, mas uma filha que se deixa guiar por aquela Porta Estreita, que foi o seu ministério.
Os frades conventuais e muitos sacerdotes disseram que o livro-entrevista publicado pela Piemme é o seu testamento. Ele me disse: "Com noventa e sete anos percebi que o tempo do silêncio tinha acabado. Só tenho um pouco de voz para falar da minha pobre vida de frade”. Frei Matteo deixou um “instrumento” capaz de chegar ao coração daqueles que sofrem no corpo e no espírito.
ZENIT: Fala-se muito de exorcismos e de exorcistas em chave espetacular e morbosa, esquecendo-se de que um exorcista é principalmente um homem de Deus, com a função de restaurar a Sua Graça e de desafiar o poder das trevas. Frei Matteo era esse tipo de homem?
Roberta Ruscica: Frei Matteo não queria aparecer como um exorcista conhecido pelas suas libertações. Fugia diante dos refletores da mídia ou das reuniões sociais. Embora na porta do Convento aparecessem personagens famosos do mundo do espetáculo, da mais alta nobreza europeia ou juízes, homens das Forças armadas. Todos vinham em grande segredo.
Como ele me explicou: "Primeiro acolhia o pobre. Depois o rico que ia para pedir uma benção, mas não queria a libertação. Muitos preferiam permanecer ao serviço de Satanás”.
Sem dúvida o cenáculo da Noce, um dos bairros mais pobres de Palermo, podia transformar-se em um lugar de grande peregrinação. Mas, Frei Matteo colocou sempre em primeiro lugar três pérolas preciosas: pobreza, humildade e acolhida. Confiou-me um pedaço de papel, onde estava escrito: “Sou um humilde servo de Deus ao serviço da Igreja”. Era sempre severo com os seus colegas: “Se se esforçassem por fazer verdadeiros exorcismos, seriam suficientes. Um exorcismo pode custar a vida. Além de Deus, não existe outro.” A morbosidade e o espetáculo não podem caminhar juntos com uma missão tão delicada. Frei Matteo afirmava: “A libertação é um dom de Deus. Somente Deus pode libertar: quando e como quiser. Se Satanás é potente, Deus é onipotente. O Senhor pode libertar também sem intervenção de intermediários humanos ". T
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