Frei Matteo La Grua: a vida contra Satanás (Parte II)
Pouco antes de sua morte, o conhecido exorcista produziu um livro-entrevista em que ele nos exorta a não entregar-nos na batalha contra os poderes das trevas.
ZENIT: Na primeira parte do livro, você conta como o encontro com o Frei Matteo mudou a sua vida de alguma forma e como realizar esta obra com ele tenha sido para você uma espécie de missão de chamado. Como foi que isso aconteceu?
Roberta Ruscica: Não havia segredos com o Frei Matteo. Ele lia a sua alma. Me disse: “Você é uma excelente jornalista. Escreve bem. Mas não deve se deixar levar pelo coração, mas pela mente”. Eis que ele se utilizou do meu coração. Como falo sempre: “Utilizou o Manual do Amor”. Quando Frei Matteo se convenceu de que eu não procurava nem uma vantagem econômica nem um sucesso pessoal. Quando decidi desistir. Ele começou a trabalhar. E me deixou ser levada pelo lento rio do Seu Amor. A minha vida é uma outra vida. Se o seu coração está cheio de rancor, você não tem condições de lidar com temas espirituais. Recebi um grande dom: perdoar aqueles que procuraram a minha infelicidade. Não nego que tive que vencer muitos obstáculos antes de publicar Contra Satanás. Desencontros, armadilhas, incompreensões, calúnias, fofocas... O Inimigo me colocou contra tudo e todos. Como Frei Matteo me disse no seu último telefonema: “Estamos só eu e você... Os outros não contam”.
ZENIT: Antes dessa experiência - para você profissional e, ao mesmo tempo, fortemente espiritual – qual era a sua atitude com relação aos exorcistas e com a Igreja em geral?
Roberta Ruscica: Quando o diretor me pediu: "Você tem que entrevistar um exorcista". Eu respondi: “Tá brincando. É melhor eu entrevistar o chefe da Cosa Nostra”. Eu pensava que um exorcista era um feiticeiro. Hoje, muitos sacerdotes que lutam contra as forças do Mal, são os meus melhores amigos. A Igreja sempre foi a minha Casa. Ou melhor, uma doce mãe que acolhe seus filhos. Tive a sorte de crescer em uma família católica, em um grupo de escoteiros que era guiado por um sacerdote severo, mas paterno. Encontrei um frei maravilhoso no Padre Giulio Savoldi. A este respeito, gostaria de fazer um pedido: é preciso valorizar a grande missão dos exorcistas. O livro Contro Satana é um bom viático. Foi-me dito que muitos sacerdotes sugerem o livro no segredo da confissão. Meu grande "sonho" é presentear um exemplar do livro ao Papa Francisco.
Morando e exercendo seu ministério em Palermo, o Frei Matteo teve contato com a realidade da máfia. No passado também você lidou com este tema, como jornalista investigativa e de crônica judiciária. Você acha que esta “coincidência” seja divina?
Roberta Ruscica: Certamente é sim. O meu encontro com o frei “santo” entra num plano divino. Também a publicação do seu livro-entrevista. Nunca denunciei publicamente – depois de ter realizado muitos serviços exclusivos para Seitas e o Donna – mas recebi uma ameaça da máfia. Muitos colegas têm construído uma carreira sob ameaças. Eu pelo contrário, somente enfrentei dificuldades, porque me permitiram trabalhar. A minha única arma é o Santo Terço, a Santa Missa, que nunca deixo de lado. Agradeço os monsenhores que ficaram do meu lado com a oração. E tenho uma linda lembrança: antes de voar ao Céu, mons. Alessandro Maggiolini me chamou e me disse: “Rezarei por você”.
ZENIT: Que conclusão pode ser tirada depois de ler o seu livro-entrevista? Como podemos vencer o poder das trevas , nós, que, além de não sermos exorcistas, somos pobres pecadores?
Roberta Ruscica: Contra Satanás é um livro de esperança. As páginas que contam as histórias de cura estão imbuídas do amor da Virgem Maria, a única Mulher que o Frei Mateus amou. É possível lutar o bom combate permanecendo ancorados em Deus. E na entrevista explicamos como esse “milagre” se realiza. O medo é próprio de quem se deixa subjugar pelos tentáculos do Maligno. Frei Mateus nos ensina que “a vida não é rosa, a vida é poesia”. T
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