Para combater um velho rival, Igreja recruta padres exorcistas

Padre Padoan já encarou pessoas supostamente dominadas pelo demônio. Foto: Claudio Vieira
Padre Padoan já encarou pessoas supostamente dominadas pelo demônio. Foto: Claudio Vieira

Padre de São José diz que houve casos em que foi necessário praticar o ritual de ‘exorcismo menor’

Xandu Alves
São José dos Campos

A Igreja Católica recruta combatentes contra o Mal, assim mesmo, com M maiúsculo. Afinal, o alvo é o Diabo, o pai das mentiras, infâmias e inimigo declarado de Deus.
“Precisamos de mais exorcistas”, brada o padre Duarte Sousa Lara, exorcista da diocese de Lamego, na região norte de Portugal, que esteve na região nos últimos dois anos.
O tema é polêmico, divide religiosos e médicos e ressurgiu com força na Igreja Católica depois que o Vaticano aprovou os estatutos da Associação Internacional de Exorcistas, no ano passado.
Alguns sacerdotes encararam a atitude como um reconhecimento da importância dos exorcistas e a necessidade em se tocar no assunto.
Só podem ser exorcistas na Igreja Católica padres com perfil e formação adequados e indicados por bispos de suas respectivas dioceses. Eles ainda têm que frequentar um curso no Vaticano, em Roma.
“O reconhecimento oficial da Santa Sé aponta para uma realidade que, para muitos, negam a realidade da existência do demônio”, diz o monsenhor Rubens Zani, de Bauru. “Infelizmente, dentre estes há vários no seio da Igreja”.

Cristo. Um dos poucos exorcistas oficiais da Igreja no país --estima-se que o grupo conte com 30 padres, nenhum deles da região--, monsenhor Rubens recorre às Escrituras para confirmar a existência do demônio e celebra Jesus Cristo como inspiração máxima.
“Jesus praticou exorcismos. Ora, não se pode crer que Ele tenha fingido expulsar demônios quando não os havia”, aponta o exorcista.
Mas é preciso cuidado, lembra ele, para não confundir problemas de outra natureza com a influência espiritual maligna, notadamente exposta em casos de possessão demoníaca.
“Pode haver, sim, confusão de sintomas e até mesmo a coexistência de patologia mental e possessão”, explica.
O principal sintoma do endemoniado é a aversão a símbolos sacros, como cruz, água benta e a Bíblia. Mas também há outros sinais (veja quadro).

Força. Aos 77 anos e em plena atividade, o padre José Padoan, vigário em Santa Luzia, igreja na região sudeste de São José, conta que se deparou muitas vezes com pessoas sob a influência do Mal, em ocasiões em que praticou o classificado como exorcismo menor, que não exige a aprovação do bispo diocesano.
“Havia quem exigisse ser seguro por vários homens em razão da grande força que apresentava contra as orações e os símbolos da Igreja”, lembra o sacerdote. “Não é uma coisa fácil de se ver e de se passar”.
Para os padres exorcistas, as dioceses deveriam indicar ao menos um para cada região.

Exorcismo

O que é
Ritual feito por pessoa autorizada para expulsar espíritos malignos de outra pessoa que está em possessão demoníaca

Cristianismo
Evangelho relata episódios em que Jesus Cristo expulsa o demônio de possuídos

Possessão
Estado no qual o demônio se apodera das faculdades da pessoa e age por meio delas, independentemente da vontade de tal indivíduo

Sintomas
Falar e entender línguas estranhas, contorcer-se no chão, levitação, telecinesia, força física superior, adivinhar pensamentos alheios, manifestar coisas ocultas e distantes e aversão ao sacro

Cautela
Igreja católica recomenda cautela diante de tais fenômenos, pois os mesmos já são explicáveis pela psicologia

Maior
Mais complexo, o exorcismo maior só pode ser praticado com autorização do bispo

Menor
Usa orações e pode ser praticado por qualquer cristão, mas não sem critérios

Canção Nova: cura e libertação
São José dos Campos

Com sede em Cachoeira Paulista, a comunidade católica Canção Nova é um dos expoentes da Renovação Carismática no país e dá ênfase a encontros de cura e libertação, trazendo diversos exorcistas para palestrar aos fieis.
O mais conhecido deles foi frei Rufus Pereira, que esteve sete vezes na comunidade antes de morrer vítima de parada cardíaca, em maio de 2012.
Rufus foi vice-presidente da Associação Internacional de Exorcistas, cujos estatutos foram reconhecidos pelo Vaticano, no ano passado.
Os padres José Antonio Fortea (espanhol) e Duarte Sousa Lara (português) também são presenças constantes em eventos da Canção Nova. “Quanto maior o mal, mais devemos ter fé em Deus”, diz Fortea, teólogo especializado em demonologia. “Precisamos de mais exorcistas”, completa Lara.

Repercussão

Associação pede cautela com tema
Para a Associação Brasileira de Psiquiatria, o tema exorcismo exige muita cautela em razão de a literatura médica e a ciência explicarem os casos de suposta possessão demoníaca. Problemas como transtorno dissociativo de identidade (múltiplas personalidades), distúrbios psicóticos e histeria podem ser confundidos com a influência do demônio.


Direito canônico

Rito se divide entre maior e menor
Os padres exorcistas oficiais são aqueles que podem fazer o chamado ‘Exorcismo Maior’, como nos representados em filmes, mas sem os efeitos especiais. Eles têm que ser indicados por bispos. Os demais sacerdotes podem fazer o ‘Exorcismo Menor’, com orações. “Fiz muitos ao longo do meu sacerdócio”, diz o padre José Edward Padoan, 77 anos.


http://www.ovale.com.br/para-combater-um-velho-rival-igreja-recruta-padres-exorcistas-1.587365

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