A VIDA SE CONSOME ILUMINANDO... (Cf. Pe. A. Palaoro SJ)


Estes últimos domingos do ano litúrgico nos convidam a estar preparados, e viver despertos. Interpretar a parábola deste domingo no sentido de que devemos estar preparados para o dia da morte é falsificar o evangelho. Esperar passivamente uma vinda futura de Jesus não tem sentido, pois Ele já disse a seus discípulos: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”.

A parábola não está centrada no fim, mas na inutilidade de uma espera que não é acompanhada de uma atitude de amor e de serviço. As lâmpadas devem estar sempre acesas; se esperamos para prepará-las no último momento, perderemos a oportunidade de entrar para a festa de casamento.

A ideia de uma vida futura esvazia a vida presente e a reduz a uma incômoda “sala de espera”. A preocupação pelo “mais além” nos impede assumir o tempo que nos cabe viver. A vida presente tem pleno sentido por si mesma. O que projetamos para o futuro já está acontecendo aqui e agora, e está ao nosso alcances; aqui e agora podemos alcançar nossa plenitude, porque sendo morada de Deus, temos tudo ao alcance da mão.

chave de leitura da parábola “das dez virgens” está na falta de azeite para que as lâmpadas possam permanecer acesas. O relato é tirado da vida cotidiana. Depois de um ano ou mais de noivado, celebrava-se a festa de casamento, que consistia em conduzir a noiva à casa do noivo, onde acontecia o banquete. Esta cerimônia não tinha um caráter religioso. O noivo, acompanhado de seus amigos e parentes, ia à casa da noiva para buscá-la e conduzi-la à sua própria casa; na casa da noiva, encontravam-se suas amigas que a acompanhariam no trajeto e participariam da festa. Todos estes rituais começavam com o pôr-do-sol e avançavam noite adentro, daí a necessidade das lâmpadas para poder caminhar.

A importância do relato não está no noivo, nem na noiva, nem sequer nas acompanhantes. O que o relato destaca é a luz. O que determina a entrada no banquete é que as jovens tenham as lâmpadas acesas. Uma acompanhante sem luz não tinha como fazer parte no cortejo nupcial.
Pois bem, para que uma lamparina consiga iluminar é preciso ter azeite. Aqui está o ponto chave. O importante é a luz, mas o que é preciso para alimentá-la é o azeite.

Que é o azeite que alimenta a lamparina? São as reservas de potencialidades criativasrecursos inspiradoresdinamismos vitais, energias sadias, desejos oblativos... presentes no coração humano. O azeite é tudo aquilo que é nutriente, fecundo, iluminante... e que se expressa como contínua fonte de renovação; azeite é o que há de mais divino no interior de cada um, que precisa ser descoberto, reconhecido e ativado para tornar-se luz.

No entanto, só quem vive a partir das raízes do próprio ser, só quem tem acesso à própria interioridade, descobre a presença do azeite que pode dar um novo significado e sentido à própria vida. É preciso estar desperto e sintonizado com o azeite interior para poder alimentar a luz da vida e corresponder às vozes surpreendentes que vão surgindo.

“No meio da noite ouviu-se um grito: eis que chega o noivo! Saí ao seu encontro”.

O grito é uma convocação urgente a sair do sono da distração e da trivialidade e nos pro-voca a viver na espera do essencial.

Com os distraídos não se pode ir muito longe; distraídos vivem do momento e não pensam no depois. Os distraídos perdem a direção da fonte provedora de azeite em seu interior, e dormem e acordam sem luz em suas vidas...

Ser “sensato” é viver com sentido, atento e desperto às surpresas da vida. Por que as jovens prudentes não compartilharam o azeite com as imprudentes? Não se trata de egoísmo; as lâmpadas não podem arder com o azeite do outro. A chama não pode ser acesa com o azeite comprado ou emprestado.

Sabemos que o azeite só ilumina quando se consome. Somos luz na medida em que nos gastamos na nobre missão de iluminar nosso entorno.

Vivemos imersos num oceano de luz; carregamos dentro a força da luz. Ela sempre está aí, disponível; basta abrir-nos a ela com a disposição de acolhê-la e de fazer as transformações que ela inspira.

Somos luz quando expandimos nosso verdadeiro ser, e vamos além do que somos e temos.

http://www.terraboa.blog.br/2017/11/32dtc-vida-se-consome-iluminando-cf-pe.html

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