Nada é mais como antes: como acolher as mudanças geradas pelo coronavírus?
Parece que nossas vidas viraram de cabeça para baixo por causa do Covid-19, que nos impõe todo tipo de mudança, geralmente perturbadoras. Como se adaptar a essa nova realidade?
Amudança faz parte do nosso dia a dia: as crianças que crescem e os pais que envelhecem; os ajustes profissionais que levam a transferências e realocações; ingressar em uma nova escola ou descobrir uma nova profissão; problemas de saúde que nos obrigam a parar nossas atividades ou o desemprego que impõe uma redução no nosso padrão de vida.
Trata-se também, mais amplamente, da evolução do mundo à nossa volta, da transformação de mentalidades, do progresso técnico, da modificação dos equilíbrios globais, dentre outros.
Em 2020, o mundo enfrenta o Coronavírus e as perturbações que ele traz, seja a perda de um ente querido, a perda de um emprego, o cancelamento de viagens e de outros projetos pessoais. Então, qual a melhor maneira de viver essas mudanças?
Aceitar de se abrir à uma novidade imprevisível
Experimentamos mudanças de uma forma mais ou menos tranquila em razão de nosso caráter ou de nossa história pessoal.
Alguns as aceitarão com facilidade, adaptando-se ao novo modo de vida, acolhendo dificuldades concretas como desafios.
Outros se resignarão ao acontecido por falta de algo melhor, ansiosos com o novo, repensando seus arrependimentos, com a impressão de estarem perdidos, de não se encontrarem mais. A estes, será preciso investir e ter muito boa vontade para tomar posse da nova estrutura de vida que se impõe.
A dinâmica da mudança requer, portanto, a combinação de dois fatores. O primeiro fator é enraizar-se na verdade, mas sem rigidez, de tudo o que se passou na sua vida.
O segundo fator é aceitar se abrir, pelo menos de forma parcial, a uma novidade imprevisível. Como uma árvore, o homem é incapaz de fazer brotar novos galhos para o futuro, se não fazendo crescer ao mesmo tempo as raízes que empurram o passado.
Vem e segue-me !
Mas, como então se abrir às mudanças? Como acolhê-las sem rigidez ou mau humor, mesmo quando elas perturbam os nossos projetos ou nos levam tudo aquilo que nos é precioso? Acolhendo-a como um chamado de Deus! Um chamado similar àquele adereçado a Abraão: “Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar” (Gen 12,1).
Quando somos resistentes a mudar nossa forma de trabalhar ou modificar nossa programação de férias; quando devemos mudar de emprego, acolher um infortúnio ou superar a morte de um ente querido, imaginemos que Deus nos fala: “Deixa o país dos teus projetos, tuas seguranças e tuas memórias. Vem e segue-me!”.
Christine Ponsard
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