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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

O FAROL DO FALSO ALMIRANTE

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  São muitas as luzes falsas que tiram a consciência dos trilhos e falsificam a bondade das nossas ações. Jesus nos alerta:  Se o teu olho  – o olho da alma  –  estiver são, ficarás todo cheio de luz. Mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas  (Mt 6, 22-23). Vem-me ao pensamento um conto de Chesterton,  O fim dos Pendragon , que trata de um “pseudoalmirante” louco, que morava num velho casarão nas costas rochosas da Cornualha, no sudoeste da Inglaterra. Construiu uma torre em cujo cimo podia acender uma grande fogueira, e assim simulava de longe um farol marítimo. Com essa luz falsa, enganava navegantes rivais ou inimigos que queria eliminar e os induzia a naufragar e morrer no labirinto das rochas. Você não tem receio dos falsos faróis, das luzes intelectuais e morais falsas que hoje atraem milhões de pessoas? Se não quiser naufragar, cuide com muito empenho de adquirir uma profunda formação cristã, e sinta a responsabilidade de transmiti-la aos que quer bem. Ad

MINHA ALMA SUSPIRA PELOS ÁTRIOS DO SENHOR

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─  Como são amáveis, Senhor tuas moradas… Minha alma desfalece e suspira pelos átrios do Senhor… Até o passarinho encontra casa e a andorinha ninho junto aos teus altares  ( Salmo  84,2-4).  Fiquei alegre, quando me disseram: “Vamos à casa do Senhor!”  ( Salmo  122,1). O salmista peregrino que se aproxima de Jerusalém suspira, ardendo no desejo de chegar ao Templo, “a casa do Senhor”, onde é tão próxima a presença do Deus de Israel. E inveja santamente a andorinha que deixa confiante o seu ninho junto do altar. A nossa alma cristã é sempre peregrina, rumo ao altar onde Deus se faz presente, acessível, próximo. Qual é esse altar? Sem dúvida, a “máxima” proximidade de Deus é a Eucaristia. No altar da Santa Missa, Jesus, Deus e Homem verdadeiro, se faz presente, vem a nós na santa Comunhão, e, depois, fica no Sacrário à espera da nossa companhia e a nossa oração. Mas eu não queria meditar agora nessa proximidade inefável do Senhor na Eucaristia. Queria meditar em outra presenç

LÂMPADA PARA OS MEUS PASSOS

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─ Senhor, tu acendes minha lâmpada; meu Deus, ilumina minhas trevas ( Salmo  18,29). Mostra-me, Senhor, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas, faz-me caminhar na tua verdade ( Salmo  25,4-5). O salmista pede a Deus a sua luz, porque tem a experiência de que, sem ela, a vida é triste, é como se a pessoa girasse nas trevas à volta e si mesma, perdendo-se num túnel sem saída. Só Deus é luz ( 1 Jo  1,5). E quando nós lhe suplicamos que nos conceda a fé –  envia a tua luz e a tua verdade!  ( Sl  43,3) –, experimentamos com alegria que  lâmpada para meus passos   é a tua palavra e luz no meu caminho  ( Sl  119,105). Saímos, então, do túnel e podemos maravilhar-nos com «o esplendor e a segurança e o calor do sol da fé» [1] . Um escritor inglês converso, Evelyn Waugh, expressava assim a sua descoberta da luz: «É como sair de um mundo de espelhos, onde tudo é uma caricatura absurda, para entrar no autêntico mundo criado por Deus; a partir de então é que começa o delicioso processo

DEUS NÃO RETIROU DE MIM A ORAÇÃO

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─ Deus me ouviu, prestou atenção à minha súplica. Bendito seja Deus que não rejeitou [não removeu de mim] a minha oração ( Salmo  66,20) O texto original desses versículos, como mostra a tradução literal da Nova Vulgata, agradece a Deus que, além de ouvi-lo, não lhe tenha tirado, não tenha “removido” dele, a sua oração ( non amovit orationem meam a me ). Privar da oração, tirar de alguém a capacidade de orar, é como matar-lhe a alma. É lógico que seja assim. A oração é um dom que a graça do Espírito Santo deposita no fundo do nosso coração  [1] . Pois bem, desprezar essa graça é uma forma de expulsar, de  entristecer   o Espírito Santo de Deus  ( Ef  4,30). Sem essa graça, nós nunca seriamos capazes de ter a felicidade de estabelecer um contacto direto com Deus, orando a qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer circunstância. «A meu ver – dizia santa Teresa de Ávila –, a oração … é apenas um relacionamento íntimo de amizade em que conversamos muitas vezes a só

SALMOS: A ESTRADA QUE EU DEVO SEGUIR

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A ESTRADA QUE EU DEVO SEGUIR ─ Senhor, ouve a minha oração, sê atento à minha súplica… Indica-me a estrada que devo seguir, porque a ti elevo a minha alma ( Salmo  143,1.8). Todas as veredas do Senhor são amor e verdade ( Salmo  25,10). Na meditação anterior considerávamos a estrada régia do cristão, que todos somos chamados a percorrer.  Mantendo-nos na via clara dos mandamentos, devemos avançar no amor, seguindo as pegadas de Cristo.  Progredi no amor  – escrevia são Paulo –,  como Cristo também nos amou e se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício de suave odor   ( Ef   5,2). O caminho cristão é um só para todos. O próprio Cristo é o nosso caminho, com seu exemplo, com sua graça, com sua palavra:  Eu sou o caminho, a verdade e a vida  ( Jo  14,6). É um único caminho, mas não é um caminho uniforme: nele se manifesta a variedade das  insondáveis riquezas de Cristo  ( Ef   3,8): A meta do Amor pode-se alcançar por diversas sendas (todas elas dentro do Caminho

O momento em que a Verdade se encontrou com a Mentira

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Leia isso antes de sair de casa Conta uma parábola que um dia a Mentira e a Verdade se encontraram: A Mentira disse à Verdade: – Bom dia, dona Verdade. E a Verdade foi comprovar se realmente era um bom dia. Ela olhou para cima, vendo que não havia nuvens de chuva, que vários pássaros cantavam e que era realmente um bom dia, respondeu à Mentira: – Bom dia, senhora Mentira. – Está muito quente hoje, continuou a Mentira. E a Verdade, vendo que a Mentira era sincera, relaxou-se. A Mentira, então, convidou a Verdade a se banhar no rio. Ela tirou a roupa, pulou na água e disse: – Realmente, a água está deliciosa. E, uma vez que a Verdade, sem duvidar da Mentira, tirou suas roupas e caiu no rio, a Mentira saiu da água e vestiu-se com a roupa da Verdade. Esta por sua vez, recusou-se a vestir as roupas da Mentira e, não tendo de que se envergonhar, saiu desnuda, andando pela rua. Aos olhos das outras pessoas, no entanto, foi mais fácil aceitar a Mentira vestid

Por que mentimos para nós mesmos?

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Conheça os 7 danos do autoengano Quem é prejudicado pelas mentiras? Bem, é claro que Deus se ofende, como pode ser comprovado no mandamento ” não prestar falso testemunho” (Êxodo 20,16). Também está claro que o próximo é prejudicado pelas mentiras, como eloquentemente expresso pelo ensaísta Michel de Montaigne: “Mentir é realmente um vício maldito. Somos homens, e só temos relações entre si pela fala. Se reconhecermos o horror e a gravidade de uma mentira, deveríamos puni-la mais justificadamente com fogo do que qualquer outro crime.” Uma vítima menos frequente da mentira é a nossa própria personalidade. Porém, Dostoiévski, em “Os irmãos Karamázov” faz um relato acerca do mal que faremos à nossa alma, caso adquiramos o hábito de mentir para nós mesmos: “O homem que mente para si mesmo e ouve sua própria mentira chega a tal ponto que ele não consegue distinguir a verdade dentro dele ou ao seu redor, e, assim perde todo o respeito por si e pelos outros. E, sem r

Como funciona uma boa discussão de relação

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Tenha cuidado, apenas porque eles existem discussões, isso não significa que o relacionamento está em perigo! Na vida a dois, o conflito é inevitável, o mais importante é saber “lutar” bem Pequenas discussões fazem parte da vida conjugal por causa das diferenças de personalidade, educação, ritmos e gostos, mas é possível administrar as pequenas tensões da vida cotidiana, sem violência física e com um mínimo de violência verbal. Conflito não significa fracasso, ao contrário da crença popular. Nós podemos amar um ao outro e discutir. As conversas são uma maneira de se livrar de sentimentos antigos, sentimentos não ditos acumulados através dos anos ou de sinalizar que o relacionamento precisa de uma mudança em seu funcionamento. Os psicoterapeutas, Serge e Carolle Vidal-Graf, compartilham os segredos de uma boa discussão de casal. Por que a raiva é incontornável na discussão? Não poderíamos simplesmente coversar? As discussões não são conversas frias porque contém um componen

“6º mandamento: Não pecar contra a castidade”.

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INTRODUÇÃO: São Paulo escreve aos cristãos de Corinto: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?… Não sabeis que vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, pois o recebestes de Deus, e que não vos pertenceis? Fostes comprados por um alto preço! Glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo” (1 Coríntios 6, 15;19-20). Vivendo a realidade de um mundo pagão, no qual a castidade era desprezada e ridicularizada, São Paulo demonstra as razões para que o cristão viva a castidade: é membro de Cristo, templo do Espírito Santo e deve dar glória a Deus também com o corpo. Mas não tão somente o cristão, mas todo o ser humano como tal, deve respeitar seu corpo – e o dos demais – cuidando com esmero de viver a castidade em pensamentos, palavras, obras e desejos, se quiser viver conforme a razão. Deus marcou o caminho da dignidade humana neste campo com dois preceitos: o sexto, “não cometerás atos impuros”, e o nono, “não consentirás em pensamentos e nem em desejos impu

O monge beneditino cego e quase paralítico que escreveu a Salve Rainha

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Sempre que rezamos o Terço, recordamos, de algum modo, o Beato Herman de Reichenau, autor da oração 'Salve Rainha'.  Herman nasceu a 18 de Julho de 1013, filho do conde de Altshausen. Nasceu deformado, com palato fendido e sérios problemas nas costas, talvez espinha bífida, ou esclerose lateral amiotrófica ou atrofia muscular espinal. Seja qual fosse o problema, falava e andava com enorme dificuldades. Ainda criança, caiu doente de poliomielite, mas milagrosamente sobreviveu. Seguindo as práticas da época, quando completou sete anos, os seus pais colocaram-no no mosteiro beneditino de Reichenau, que fica isolado numa ilha do Lago Constança, no Sul da Alemanha. Foi onde Herman passou o resto da sua vida. Ali começou a estudar teologia e o mundo. Aos vinte anos tornou-se monge. Como não podia ajudar em nenhuma tarefa, passava os dias a rezar e estudar. Dele temos obras sobre geometria, aritmética, astronomia e teoria musical. Como historiador, compilou e organizou r

Como viver desde já a vida eterna

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Esta vida eterna começada [1]  constitui todo um organismo espiritual, que deve desenvolver-se até à nossa entrada no céu. A graça santificante, recebida na essência da alma, é o princípio radical deste organismo imperecível, que deveria durar para sempre, se o pecado mortal, que é uma desordem radical, não viesse por vezes destruí-la. (Cfr. ST, I-II, Q109, A3 e A4) Da graça santificante, semente da glória, derivam as virtudes infusas, primeiramente as virtudes teologais, a maior das quais, a caridade, deve, como a graça santificante, durar para sempre. "A caridade nunca passará, - diz S. Paulo -, (...) agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade, mas a maior das três é a caridade" (I Cor 13, 8-13). Ela  durará para sempre, eternamente, quando a fé tiver desaparecido para dar lugar à visão e quando à esperança suceder a possessão inadmissível de Deus claramente conhecido. O organismo espiritual completa-se pelas virtudes morais infusas que s