MINHA ALMA SUSPIRA PELOS ÁTRIOS DO SENHOR

Galeria de Paróquia San Norberto / Carlos Campuzano Castelló - 8
 Como são amáveis, Senhor tuas moradas… Minha alma desfalece e suspira pelos átrios do Senhor… Até o passarinho encontra casa e a andorinha ninho junto aos teus altares (Salmo 84,2-4). Fiquei alegre, quando me disseram: “Vamos à casa do Senhor!” (Salmo 122,1).
O salmista peregrino que se aproxima de Jerusalém suspira, ardendo no desejo de chegar ao Templo, “a casa do Senhor”, onde é tão próxima a presença do Deus de Israel. E inveja santamente a andorinha que deixa confiante o seu ninho junto do altar.
A nossa alma cristã é sempre peregrina, rumo ao altar onde Deus se faz presente, acessível, próximo.
Qual é esse altar? Sem dúvida, a “máxima” proximidade de Deus é a Eucaristia. No altar da Santa Missa, Jesus, Deus e Homem verdadeiro, se faz presente, vem a nós na santa Comunhão, e, depois, fica no Sacrário à espera da nossa companhia e a nossa oração.
Mas eu não queria meditar agora nessa proximidade inefável do Senhor na Eucaristia. Queria meditar em outra presença.
  • O altar do coração. Já nos primeiros séculos, os santos Padres falavam de outro altar, o “altar do coração”. «Altare Dei est cor nostrum – dizia, por exemplo, santo Ambrósio −, altar de Deus é o nosso coração». E dizia-o com a alegria de quem conhece a verdade de que falava são Paulo: Não sabeis que sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? …O templo de Deus é santo e esse templo sois vós (1 Cor 3, 16-17).
É isso o que descobriu santo Agostinho, após anos de procura: «Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei!… Eis que estavas dentro de mim, e eu fora… Tu estavas comigo, e eu não estava contigo»[1].
Lembro bem como me ficou gravado o que ouvi da boca de são Josemaria em 1954, em Roma: «Meus filhos, eu a Deus o busco em mim, no meu coração, e vocês devem procurá-lo também no centro da sua alma em graça»[2].
Essa “peregrinação” até o altar do nosso coração, para ter lá um encontro íntimo com Deus, pode ser feita, deveria ser feita, em qualquer momento da nossa vida. Em casa, na rua, no trabalho, nos meios de transporte, na alegria, na dor…, sempre podemos procurar Deus e encontrá-lo no íntimo do coração.
Você já se acostumou a falar com Deus no seu coração, a compartilhar com ele as menores coisas da sua vida? Assim deveríamos viver, e então compreenderíamos por que são Paulo animava assim os tessalonicenses: Ficai sempre alegres, orai sem cessar  (1 Ts 5,16-17). Com isso, ele lembrava um ensinamento de Cristo: É preciso orar sempre sem jamais esmorecer (Lc 18,1). Isso é possível? Sim, aprendendo a viver a prática da “presença de Deus”.
  • Viver na presença e Deus. Para começar, «é preciso convencer-se de que Deus está junto de nós continuamente. – Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um Pai amoroso – quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos -, ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando… e perdoando… Necessário é que nos embebamos, que nos saturemos de que Pai e muito Pai nosso é o Senhor que está junto de nós e nos Céus»[3].
Sabemos “ativar” essa fé? É um exercício espiritual que deveríamos cultivar todos os dias. Começar o dia com um ato espontâneo de fé e de amor a Deus, oferecer-lhe com carinho tudo o que naquele dia vamos fazer, pedir-lhe que nos abençoe e nos acompanhe em cada passo. Depois, desfrutar dessa sua companhia, dirigindo-nos a ele muitas vezes com o coração.
O salmo 145 nos anima: O Senhor está perto de todos os que o invocam, os que o invocam de coração sincero. Satisfaz o desejo dos que o temem, escuta o seu clamor e os salva. O Senhor protege todos os que  amam (Salmo 145,18-20).
− Invocar é agradecer: “Obrigado, meu Deus, por ter ouvido o despertador, eu que tenho sono pesado e sempre me atraso!” “Obrigado meu Deus: acabo de beijar meu filho pequeno, e não sei como te agradecer esse dom”. “Obrigado pelo carinho com que a mãe, ou a esposa, ou o marido madrugador preparou o café”…
− Invocar é oferecer: “Eu te ofereço, Senhor, essa dor nas costas como penitência pelos meus pecados” “Ofereço-te esse trabalho que estou começando, e te peço ajuda para terminá-lo com perfeição” “Ofereço essa oração para que meu ex colega encontre um emprego” ”Ofereço o choro do meu bebê para que me ajuda e ser uma mãe mais paciente”…
− Invocar é pedir: “Peço-te por cada um dos meus filhos, guarda-os no dia de hoje” “Peço-te que me ajudes a socorrer essa mendiga” “Peço-te que me faças vencer a tentação de ficar perdendo tempo com o celular quando não deveria”, “Peço-te que me ajudes a dar alegria à minha sogra que anda muito deprimida”…
− Invocar é desagravar. “Jesus, aceita esse terço que vou rezar como reparação pelos que não amam nem veneram a tua Mãe Santíssima” “Senhor, ajuda-me a fazer hoje uma mortificação mais exigente da gula, para reparar pelos pecados que se cometem pelo abuso do sexo e do álcool, e pelo uso das drogas”…
Você vê como, com boa vontade, e sempre com a ajuda da graça de Deus, é possível viver a vida toda em diálogo Deus e, assim, com toda a naturalidade, morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, e poder gozar da suavidade do Senhor  (Salmo 27,4).
Do nosso livro O espelho dos salmos, Quadrante 2019
[1] Confissões, 10, 27,38
[2] F.F.  São Josemaria Escrivá no Brasil, 3ª edição. Quadrante 2017, p. 41
[3] Caminho, n. 267

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