"A QUEM IREMOS"
Jesus acabara de deixa claro aos discípulos que só é seu seguidor de verdade quem consegue se alimentar dele, o pão da vida, assimilando e assumindo seu modo de viver. Uma exigência nada fácil, que convocava a um compromisso de fé para toda a vida.
Os discípulos reclamam das "palavras duras" de Jesus. Mas ele não muda o discurso. Se o Espírito é que dá a vida, mudar o discurso e suavizar sua exigência seria trair a missão que o Pai lhe havia confiado. Seguir Jesus é, no fundo, um ato de fé no Deus que se doa e quer ser alimento para todos. Sem a fé, as exigências de Jesus não serão mais que "palavras duras", impossíveis de seguir.
Os discípulos que abandonam Jesus nos levam a pensar nas opções fundamentais que fazemos na vida. Encontramo-nos com Jesus na oração, alimentamo-nos dele na eucaristia, ouvimos sua palavra... Mas e nosso compromisso com Ele? Estamos realmente reconhecendo o Mestre nos acontecimentos, deixando que sua palavra se faça viva em nós?
Jesus não fez pesquisa de mercado para saber o que deveria anunciar a fim de conseguir o maior número de seguidores. Não pregou a prosperidade material e individual, mas o árduo compromisso para que, construindo comunidades, seus seguidores continuassem a trazer vida para o mundo.
Uma religião suave, de descompromisso com a vida de quem sofre, não é a religião de Jesus. Podemos até torcer suas palavras e suavizar seu discurso, em busca de uma paz interior, de uma consciência tranquilizada. Mas as palavras de Jesus, autenticamente, continuarão a ser como espada afiada, a exigir de nós um"sim" fundamental de vida, e não um "talvez" ou "quem sabe" de uma religião de comodismo.
A afirmação de Pedro é o reconhecimento fundamental de quem em Jesus se encontra a vida sem fim e de que segui-lo com fé e permitir que seu Espírito continue gerando vida para o mundo. Num mundo faminto de pão e carente de vida, queremos professar que ninguém, além de nosso Mestre, pode saciar nossa fome mais profunda. Afinal, a quem poderíamos ir, senão à fonte da vida?
Meditação do Evangelho de Domingo 26/08/2012 pelo Pe. Paulo Bazaglia, ssp
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