A Preguiça - Segunda parte

DILIGENCIA - O ANTIDOTO DA PREGUIÇA 

Se abrirmos o pequeno catecismo da nossa Primeira Comunhão, é quase certo que encontraremos uma pergunta acerca dos pecados capitais, seguida da lista dos seus 
sete nomes. E, a seguir, uma outra pergunta esclarecerá quais são as virtudes opostas aos vícios capitais. Nessa segunda pergunta, estarão impressas certamente estas três 
palavras: contra preguiça, diligência. 
A diligência é o antídoto específico da preguiça. Onde a preguiça cava um abismo, a diligência ergue uma montanha. E o que é a diligência? 
Georges Chevrot, no seu livro sobre “As pequenas virtudes do lar”, reproduz, com muito bom humor, o seguinte diálogo. Um garoto, ouvindo falar em diligência, 
mostra logo com um brilho nos olhos a sua sabedoria histórico-cinematográfica: – “A diligência – diz – era uma carruagem puxada por cavalos, que se usava no faroeste 
antes de haver automóveis... 
– “Muito bem, meu rapaz, você sabe muito – retruca o pai –; também deve saber que lhes foi dado esse nome porque iam muito depressa. Para a época, evidentemente”11. 
Os pais quase sempre têm razão. Mas, neste caso, o pai da história, ao aprofundar na explicação, deu uma pequena escorregadela. 
Pode ser que, àqueles trambolhos rolantes, acostumados a fugir dos índios nos 
desertos do Arizona, tivessem dado o nome de diligência em homenagem à sua rapidez. Mas o que é certo é que a palavra diligência, na sua origem, nada tem a ver 
compressa ou velocidade. 
Na realidade, diligência é uma palavra que vem diretamente do verbo latino diligere, 
que significa amar. De modo que, na língua-mãe do Lácio, diligens (diligente) significava aquele que ama. Isto é da maior importância para o tema que nos ocupa. Dizíamos que a acédia – a preguiça – é o contrário do amor, pelo fato de sentir aversão e tristeza por aquilo mesmo que atrai e alegra o amor: o bem, mesmo que seja árduo e difícil. 
Em confronto com a preguiça, a virtude da diligência consiste no carinho, alegria e prontidão (coisa diferente da pressa) com que pensamos no bem e nos prontificamos 
a realizá-lo da melhor maneira possível. 
Poucas descrições da diligência existem, mais ricas de conteúdo, do que a contida numa das homilias de Mons. Escrivã, que transcrevemos a seguir: 
“Quem é laborioso aproveita o tempo (...). Faz o que deve e está no que faz, não por rotina nem para ocupar as horas, mas como fruto de uma reflexão atenta e ponderada. 
Por isso é diligente. O uso normal dessa palavra – diligente – já nos evoca a sua origem latina. Diligente vem do verbo diligo, que significa amar, apreciar, escolher 
alguma coisa depois de uma atenção esmerada e cuidadosa. Não é diligente quem se precipita, mas quem trabalha com amor, primorosamente”12. 
Se quiséssemos retratar o anti-preguiçoso típico, é bem provável que imaginássemos a figura de um personagem acelerado e febril, um incansável trabalhador impelido 
por uma sorte de movimento contínuo. E, no entanto, não é assim. É mais fácil encontrar agitados entre os preguiçosos que entre os diligentes. Paradoxalmente, a diligência está – num certo sentido – mais perto do “devagar”, e a preguiça mais perto do “depressa”. Mas esse “certo sentido” precisa de uma explicação. 
Reparemos que as palavras de Mons. Escrivã, acima citadas, esclarecem que uma pessoa é diligente quando aproveita o tempo “como fruto de uma reflexão atenta e 
ponderada”; recordam, ao mesmo tempo, que só há amor – diligência – quando se sabe “apreciar, escolher alguma coisa depois de uma atenção esmerada e cuidadosa", 
e concluem alertando: "Não é diligente quem se precipita”. 
Muitas pessoas oferecem a imagem de um ativismo desenfreado. Não param um instante. Vão de cá para lá, assoberbados de tarefas, numa incessante corrida atrás do 
tempo, que sempre se lhes torna escasso. As ocupações os envolvem como que num redemoinho. lá não são donos de si mesmos. A sua atividade – ativismo, deveria 
chamar-se – domina-os como um cavalo sem freio, do qual perderam completamente as rédeas. 
Lembram a história daquele oficial de artilharia, inexperiente nas lidas da equitação, que certa vez quis fazer uma experiência: pediu um cavalo, acomodou-se como pôde na sela e olhou na direção noroeste, para a localidade aonde desejava dirigir-se. Meia 
hora depois, no mais perfeito rumo sudeste, um grupo de oficiais observa o trotezinho desajeitado do cavalo e o olhar espavorido do colega que se lhe agarra ao pescoço, e 
indagam com ar brincalhão: – “Para onde é que você está indo?” – “Eu – responde o atribulado cavaleiro – ia para tal lugar, mas não sei para onde é que este cavalo me 
está levando...”. 
Muitos cavaleiros da agitação poderiam dizer a mesma coisa. Donas de casa que parecem uma Maria-fumaça sem breque, descendo descontroladas a ladeira do dia, 
sacolejadas por tarefas, saídas, telefonemas, problemas de escola, pagamentos, etc., 
Literalmente arrastadas para o abismo de um permanente nervosismo e uma canseira atordoada. Ou profissionais tensos, em constante disparada, sem tempo para pensar, 
cuja alma de robô faz deles, mais do que trabalhadores, devoradores de tempo, autênticos “cronófagos”. 
Homens e mulheres desse estilo não são diligentes. São apenas agitados. Não percebem que, por trás do seu vaivém descontrolado e fatigante, estão sendo atacados 
por uma forma perniciosa de preguiça: a preguiça espiritual, a preguiça mental. 
“O nosso século – escreve Jacques Leclercq – orgulha-se de ser o da vida intensa, e essa vida intensa não é senão uma vida agitada, porque o sinal do nosso século é a 
corrida, e as mais belas descobertas de que se orgulha não são as descobertas da sabedoria, mas da velocidade. E a nossa vida só é propriamente humana se nela há 
calma, vagar, sem que isto signifique que deva ser ociosa (...). Acumular corridas e mais corridas não é acumular montanhas, mas ventos”13. 

A DILIGENCIA EXIGE CALMA 
A mão que segura e governa as rédeas da atividade é a reflexão. Só quem pensa serenamente nos seus deveres, na maneira de conjugá-los, nas prioridades que entre 
eles deve estabelecer, nos passos necessários para executá-los, é que possui o governo da ação e do tempo. Esse saberá aproveitar diligentemente cada um dos seus dias, e 
não será uma marionete puxada aos solavancos pelas cordas do nervosismo e da imprevidência. 
Lima atividade madura e eficaz exige – como a planta necessita da terra em que se enraíza – o solo fecundo da serenidade e da meditação. É preciso que aprendamos a 
parar e a perguntar-nos: Por que estou fazendo as coisas? Como é que as estou fazendo? Atiro-me cegamente numa correnteza de ocupações desordenadas? Estou 
fazendo realmente o que devo e do melhor modo? 
Quando alguém se questiona assim, o impulso instintivo da preguiça será voltar à carga e repetir: “Não tenho tempo, não posso parar, não consigo um mínimo de 
tranqüilidade, o tumulto das ocupações não me ‘deixa’ meditar...”. 
Na verdade, quem não nos deixa meditar é a preguiça. É mais fácil escorregar pelo tobogã da rotina, mesmo que seja uma rotina febril, do que ter a coragem de se enfrentar consigo próprio, agarrar com firmeza o leme da vida e controlar energicamente o rumo da navegação. 
É por isso que a diligência pressupõe uma “atenção esmerada e cuidadosa” para “apreciar” o valor dos deveres a cumprir, e para os “escolher” conscientemente, 
“como fruto de uma reflexão atenta e ponderada”. 
O homem moderno é pobre em interioridade. A ação não lhe nasce de dentro. Medita pouco e quer abranger muito. Então é quase inevitável que num dado momento, 
talvez quando já chegou longe demais, se lhe tornem claras, como um soco na consciência, as palavras de Santo Agostinho: “Corres bem, mas fora do caminho”. 
Contaram-me certa vez a história de um homem de idade avançada, que dedicara a vida a uma brilhante atividade empresarial. Chegou a aposentadoria, e um dia – para 
matar o tempo – pegou no catecismo elementar de um de seus netinhos. Abriu a primeira página e começou a ler: “Quem é Deus?”... E depois: “Para que foi criado o 
homem? O homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus neste mundo...”. 
Duas grossas lágrimas rolaram-lhe pela face: “– A minha vida foi vazia. Fiz muitas coisas, mas esqueci-me da única que valia a pena”. 
Talvez para que essa lição não fosse tardiamente aprendida é que Jesus dirigiu a Marta, em Betânia, aquela afetuosa censura: Marta, Marta, andas muito inquieta e te 
preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada (Lc 10, 39 ss). 
E, qual era a melhor parte, que Jesus contra punha ao ativismo inquieto de Marta e aos seus queixumes? Era a atitude de sua irmã Maria, tal como a descreve essa 
passagem do Evangelho de São Lucas: Maria, sentada aos pés do Senhor, ouvia a sua 
palavra. 
É evidente que Jesus não censura o trabalho de Marta – Ele que amou tanto o trabalho no lar de Nazaré –, nem sugere substituí-lo por uma pura passividade 
contemplativa. O que faz é marcar claramente a diferença que existe entre “muitas 
coisas” e “uma só coisa necessária”. 
A todos, Deus nos pede que façamos muitas coisas. Mas a única verdadeiramente necessária é que nos coloquemos sinceramente junto d’Ele –muitas vezes – e 
escutemos o que tem a dizer-nos. Assim, as “muitas coisas” unificam-se em “uma só coisa”: trabalhar cumprindo a Vontade de Deus. 
Todos deveríamos ter, fossem quais fossem as nossas ocupações, uns minutos diários de calma e recolhimento para parar, pensar, orar e procurar enxergar o melhor modo – o que esteja mais de acordo com Deus – de organizarmos e realizarmos as nossas tarefas. 

MEDITAR PARA AGIR 
“Faz o que deves”, para um cristão, não é o simples imperativo do dever, da obrigação. É a Vontade do seu Senhor. O que é que Deus quer que eu faça em 
primeiro lugar? Quais são as tarefas prioritárias no dia de hoje, aos olhos de Deus? 
Isto é o que interessa, o verdadeiramente “necessário”. 
Pensando friamente no dever, poderíamos chegar todos os dias à noite e acalmar a consciência, dizendo-nos: “Não fiz outra coisa senão trabalhar”, seja na fábrica ou no 
escritório, no lar, na escola ou onde quer que se cumpra a obrigação cotidiana. 
Em face de Deus, porém, as coisas são diferentes. O Senhor nunca vai sugerir-nos que abandonemos ou descuidemos as nossas obrigações. Mas freqüentemente, se 
soubermos escutá-lo, dirá: hoje, o que é prioritário para ti é dar o passo decisivo para te reconciliares com o teu marido, e acabar de vez com esse mutismo causado pelo 
teu orgulho ferido; hoje, não deixes de procurar, lá no escritório, um momento propício para conversar com esse colega que anda cada vez mais desorientado e 
precisa de uma palavra amiga que o encaminhe; hoje, aproveita o intervalo do almoço, e vai consultar com um sacerdote esse problema de consciência que te 
atormenta, e cuja resolução já adiaste demais; hoje, começa a pôr em prática o propósito de te levantares antes, de rezar a oração da manhã com pausa e ler umas 
palavras do Evangelho, que sejam luz para o coração ao longo do dia... 
Mas essa voz, essas “palavras” do Senhor, só podem ser ouvidas – é preciso insistir neste ponto – se soubermos recolher-nos em silêncio na presença de Deus, pensar 
sinceramente na nossa vida e fazer oração. 
Todos os cristãos deveríamos estabelecer e manter – e defender como algo de sagrado – pelo menos dez ou quinze minutos diários dedicados à meditação e ao exame da 
vida na presença de Deus: de manhã, antes de iniciar as atividades; ou pouco antes de recolher-nos para descansar; ou aproveitando a possibilidade de visitar uma igreja 
numa hora tranqüila, quando o silêncio do templo convida ao diálogo íntimo com Deus... Porque é nesses momentos que a alma, com a graça divina, se torna transparente, se liberta da terrível força centrífuga do ativismo, e consegue voltar para o seu centro, esse “centro da alma” de que falam os místicos, onde se encontra com Deus. Para quem quer escutá-lo, aí Deus sempre fala. 
E a voz de Deus – como antes lembrávamos – é a que nos esclarece as prioridades e ajuda a hierarquizar, pela ordem de importância, os deveres a cumprir. Assim, 
estamos em condições de “escolher” com “atenção esmerada e cuidadosa”. Passamos a ser diligentes. É importante, neste ponto, perceber que o fato de um dever ser prioritário não significa, via de regra, que se lhe tenha que dedicar maior quantidade de tempo. Há duas maneiras de dar prioridade a alguma obrigação, sem necessidade de prejudicar o tempo exigido pelas ocupações habituais. 
Em primeiro lugar, vive-se uma tarefa como prioritária quando se dá importância primária à qualidade com que se realiza. Assim, a um homem que deve trabalhar por longas horas para sustentar a família, Deus muitas vezes lhe sugerirá: no dia de hoje, é prioritário dar ouvidos às preocupações da tua esposa, dedicar uma palavra de estímulo àquele filho. Isto não significa que Ele nos peça um tempo de que não dispomos. Pede-nos, sim, que, dentro do pouco tempo disponível, demos maior qualidade – qualidade de carinho, de intensidade de interesse, de afabilidade – ao relacionamento com os da nossa casa. E isto é sempre possível. 
Há ainda uma segunda maneira de dar prioridade a um dever, cuja importância percebemos meditando na presença de Deus: a prioridade cronológica. Não a que consiste – repitamos de novo – em lhe dedicar longo tempo. Mas a que consiste em fazê-lo quanto antes. 
Pensemos, a esse respeito, na facilidade com que empurramos para depois deveres que certamente julgamos primordiais. Temos consciência de que alguma coisa é importante e não pode ser largada; mas iludimo-nos, dizendo: “Mais tarde”; ou então: 
“Logo que me sobrar um pouco de tempo”. Infelizmente, esse tipo de reações é freqüente quando se trata de deveres para com Deus: missa dominical, oração, etc., ou de deveres relacionados com o serviço do próximo. 
Seria lamentável que reservássemos para esses deveres, que consideramos importantes – e que são ressonâncias de apelos divinos –, somente as sobras do tempo. No entanto, é isto o que fazemos com freqüência: deixar o refugo do nosso tempo para as exigências do amor de Deus e do amor ao próximo. E aí não há diligência, porque não há amor. A diligência acha sempre o modo de preservar as precedências. A diligência ama o antes e detesta o depois.
 
A DILIGENCIA EXIGE ORDEM 
Estabelecer prioridades é uma das formas mais nobres da virtude da ordem: é a ordem da mente e do coração. Nos parágrafos anteriores, examinamos a necessidade de hierarquizar conscienciosamente o conjunto dos nossos deveres, abrindo espaços para todos e garantindo-lhes as precedências. 
Mas, para além dessa ordenada hierarquia de preferências, o homem diligente caracteriza-se pela prática da ordem no seu sentido mais simples e corriqueiro: a organização das atividades e do tempo dentro dos horários de cada dia, a adequada planificação. 
Falar nessas palavras – organização, planificação – evoca de imediato, nos tempos que correm, a frieza empresarial da produtividade e da eficiência. Parecem soluções muito boas para a indústria e o comércio, e muito ruins para o coração. Será possível falar-se em planejamento e medições de horário quando se trata de coisas de amor? Porque, no fundo, é de coisas de amor que estamos falando. Ter um horário fixo para rezar ou para ler um livro de espiritualidade, reservar tempos e horários certos para trabalhos apostólicos... tudo isto não soa a constrangimento, formalismo e abafamento da espontaneidade do espírito? 
Muitos pensam assim, e isso acontece porque não compreendem o verdadeiro sentido da virtude da ordem, uma virtude que precisa ser resgatada dos preconceitos que a desmerecem. Se não a reabilitarmos no nosso mundo de valores, veremos como a espontaneidade do amor e dos bons propósitos se desvanecerá em ilusões e omissões. 
Vejamos um pouco mais de perto este tema. 
Dizíamos nas páginas anteriores que existe uma ordem negativa, a que chamávamos ordem defensiva. Não passa da carapaça com que se protege o egoísta. Bem sabemos que essa ordem pode tornar-se doentia e atingir requintes de neurose, de mania. 
Talvez já tenhamos conhecido pessoas que ficavam transtornadas porque alguém – esposa, filho, empregada – tinha tido a ousadia de deslocar em poucos centímetros a posição exata que um livro devia ocupar na mesa do escritório. Da mesma forma que não faltam os que dramatizam qualquer interferência que lhes altere o horário de sono, ou o fim de semana cuidadosamente planejado. Isto não é virtude, é doença ou 
egoísmo. Como não é virtude a ordem dos escravos da eficiência, que sobre o altar da “produtividade” ou do “sucesso” profissional sacrificam Deus, a saúde, a família e as amizades. 
A virtude da ordem é outra coisa: por ser uma das faces da diligência, é uma maneira de praticar o amor. 
Se nos perguntássemos pelos traços mais essenciais doamor, com certeza todos nós 
coincidiríamos em dois deles: 
– primeiro: amar é querer bem, o que significa, por um lado, querer mesmo, querer de verdade; e, por outro, querer fazer o bem e tornar feliz – ou agradar – a pessoa amada; – segundo: amar é dar, ou melhor, dar-se. Não é a procura interesseira de si mesmo, através do prazer, das satisfações ou das compensações obtidas dos outros. 
Procuremos aplicar estas ideias, simples e transparentes, a dois exemplos vivos, que ilustram o que é a ordem nascida da diligência. 
Um homem está habituado a viver à margem do lar. Mulher e filhos vêem chegar todas as noites um fugaz visitante cansado e mal-humorado, que só deseja não ser incomodado. Chega tarde, não por necessidade, mas porque se entretém inutilmente com o serviço, ou prolonga o expediente em conversas de bar com os amigos. 
Um belo dia sente a voz da consciência. Compreende que não está dando amor aos seus. E resolve fazer uma pequena modificação importante: encerrar o trabalho na hora certa e chegar a casa, no máximo, até às 18:00 horas, para assim dedicar-se mais à família. Faz o propósito e o cumpre. Pois bem, este ato de ordem é um ato de amor: porque quer sinceramente o bem dos outros, e concretiza o modo de dar-se. 
Vejamos um segundo exemplo: um estudante (um desses católicos “comuns”, que vai à Missa “quando dá”) entende num dado momento a importância da oração. Como é possível – diz de si para si – amar a Deus e não falar com Ele, não ter um mínimo de intimidade. Antes, pensava vagamente que a oração era uma coisa boa, e estava disposto a fazê-la – como tantos outros – “quando tiver vontade”, “quando sentir” ... 
Agora, quer mesmo fazer oração, e reserva para isso um tempo diário, fixo e determinado. Porque quer mesmo, define um horário que garanta esse seu querer. 
Com isto, já está começando a amar, e o seu amor será mais completo quando se determinar a dar a Deus todos os dias, sem falta, esse pedaço do seu tempo – uns minutos de oração –, sem calcular se gosta ou tem vontade, pensando só em agradar a Deus. 
Convençamo-nos de que a ordem e a disciplina que a ordem estabelece – quando brotam da meditação, da oração – não asfixiam o idealismo, a paixão nobre ou o amor. Pelo contrário, canalizam-nos e os efetivam. Naturalmente, desde que a paixão nobre, o amor e o ideal existam e sejam uma força poderosa da alma. A ordem está a serviço dessa força, não a substitui. 
Como são traiçoeiras as faltas de ordem, essas “preguicinhas” que tanto nos fazem sorrir. Parecem coisa de nada, e podem vir a ser coisa de muito. Um simples atraso, um descuido, um adiamento escorado numa boa desculpa... são outros tantos modos de fazer murchar os melhores propósitos e os mais belos ideais. Basta uma “pequena preguiça” na hora de levantar, para que a oração ou a comunhão sejam abandonadas, ou para que o trabalho seja enfrentado atabalhoadamente e sem garra. 
Façamos um plano de vida, bem meditado e bem distribuído, que crie canais efetivos 
para todos os nossos desejos de fazer o bem; vivamos fielmente esse plano, e então entenderemos por experiência o sentido destas palavras: “Quando tiveres ordem, multiplicar-se-á o teu tempo e, portanto, poderás dar maior glória a Deus, trabalhando mais a seu serviço”.

http://www.salvaialmas.com.br/?cat=107&id=1430

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