FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA (1)

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Consciência, o que é?
Hoje há confusão e ambiguidade:
  • valoriza-se a consciência moral como guia de uma vida individual, vida autônoma e independente. “Minha” consciência é minha”, e intocável.
  • mas se tem um conceito equívoco, confuso, de consciência moral: dizem-se sobre ela verdades misturadas com erros, e nada fica claro, de modo que o mundo se enfraquece desorientado pela falta de “valores” . Vejamos algumas afirmações, em si válidas, mas muito mal entendidas na sociedade materialista:
– a) Cada qual dever seguir a sua consciência. Também a Igreja diz: «A dignidade do homem exige que ele proceda segundo a própria consciência» (Gaudium et spes, 17).
– b) Ninguém pode me forçar a agir contra a minha consciência. Também a Igreja diz que cada qual deve proceder de acordo com a sua consciência «por livre adesão, ou seja, movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coação externa» (Ibidem e Veritatis Splendor, n. 42).
Tudo isso é completado pelo CCE, quando diz: «O homem tem direito de agir com consciência e liberdade e fim de tomar  pessoalmente as decisões morais. “O homem não pode ser forçado a agir contra a própria consciência. Mas também não há de ser impedido de proceder segundo a consciência, sobretudo em matéria religiosa» (n. 1782 e Dignitatis Humanae, n. 3). (aqui entrariam os temas da objeção de consciência, e da coação do governo que impõe ideias opináveis  e ideologias como dogmas).
= Essa “concordância” entre a opinião geral e a moral cristã transforma-se em profunda discordância, conforme o que cada um dos lados entende por consciência.
Que entendemos por “consciência”?
 A) = A maioria confunde consciência com opinião subjetiva, inclinação instintiva, sentimento espontâneo ou simples preferência. Não teria relação com nenhuma realidade ou verdade objetiva. A consciência seria só uma opi9nião subjetiva e, portanto, “relativa” conforme o sentimento, o desejo ou a convicção de cada um. É o relativismo moral absoluto, hoje imperante (ideologia de gênero, aborto, drogas…), um subjetivismo que tem como única barreira os limites que a legislação do momento impõe.
Excetuando as “imposições coativas” da legislação e a pressão social do  “politicamente correto”, a consciência (na realidade, o “palpite” de cada um), seria, para ele, o referencial único do bem e do mal. Com isso, faz-se da opinião (por mais superficial, absurda e interesseira que seja) um oráculo. Não há nenhuma referência à Verdade e ao Bem, nenhuma luz clara que nos indique os valores objetivos, nenhum o sentido de verdade e de bem. Ficam eliminados os “transcendentais” (ens, unum, bonum, verum, pulchrum).
Como diz Bento XVI na Encíclica Spe salvi, , «o encontro com Deus desperta a minha consciência, para que deixe de fornecer-me uma autojustificação, cesse de ser um reflexo de mim mesmo e dos contemporâneos que me condicionam, mas se torne capacidade de escuta do mesmo Bem» (n. 33).
= B) Em coerência com a razão e a fé, a Igreja ensina que a consciência é, acima de tudo, um “juízo da razão”, que avalia a moralidade (a bondade ou malícia moral) à luz da verdade e do bem objetivos, que têm Deus como fonte. Assim diz o Catecismo da Igreja Católica:
«Na intimidade da consciência [ver n. 1778], o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando-o sempre a amar e fazer o bem e evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei soa aos ouvidos do coração… É uma lei inscrita por Deus no coração do homem» (CCE n. 1776 e Gaudium  et Spes 16).
E, de modo claríssimo: «A  consciência moral é um julgamento da razão pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato concreto que vai planejar, que está a ponto de executar ou que já praticou» (n. 1778). Não cria nem inventa essa “qualidade moral”, mas a conhece, a “reconhece”.
O juízo da consciência, na perspectiva da Criação e a Redenção 
            = O ponto crucial, nessas questões, consiste na convicção de que existe um Bem e um Mal objetivos, que não são camaleônicos, relativos e mutantes. Existe um Norte da vida moral, uma estrela que guia o homem em todas as épocas, lugares e circunstâncias, e que está fora e acima do indivíduo, como a estrela que guiou os Magos.
Essa “estrela” é a Lei de Deus. A palavra Lei pode sugerir uma imposição legal, fria e até arbitrária, uma norma legal externa a nós (G. Ockham). Não é assim. A teologia católica define a Lei de Deus como «a razão da sabedoria divina,que conduz tudo ao seu devido fim» (S. Tomás de Aquino). De maneira simples, entenderemos isso fazendo duas considerações:
  • Deus é o criador do mundo, e do homem. Com linguagem expressiva, o livro do Gênesis diz que Deus, após a criação, viu tudo quanto tinha feito e achou que era muito bom (Gn 1, 31).
Deus, que é Amor, e cria e redime o homem por amor, e toda a criação é boa, é um bem (cf. 1 Jo 4,8, Jo 3,16). Ora, o Amor não cria sem sentido, nem joga sua criação como uma folha perdida ao vento. Ele é bom, a criação é boa, e o homem  e a mulher, imagem de Deus, estão destinados a uma bondade que participa da bondade de Deus, que é orientada por Deus, prevista e ensinada por Deus. Como diz São João Paulo II, «Deus, que é o único bom (cf Mt 19,17), conhece perfeitamente o que é bom para o homem, e devido ao seu mesmo amor, o propõe nos mandamentos» (Veritatis splendor , n. 35).
«O homem não só não é fruto do acaso, como é o fruto de um pensamento e de um querer divinos. Para expressá-lo com a nossa linguagem comum: o homem – como, de resto, toda a criação – é um projeto idealizado por Deus. Desde sempre, esteve na mente de Deus o modelo ideal do ser humano e, ao mesmo tempo, a ideia exata daquilo que é a verdade e o bem do homem, daquilo que o pode levar à plenitude e à felicidade. Essa ideia do bem do homem, concebida pela Sabedoria de Deus, é precisamente a lei moral, que a teologia cristã chama lei eterna (porque existe eternamente em Deus e é válida eternamente, para todos os seres humanos)» (F. Faus, A voz da consciência, p.38).
Chama-se lei natural  à «participação da lei eterna na criatura racional», como diz S. Tomás, e explica que é a própria inteligência dada por Deus, que permite ao homem (embora com sombras e confusões após o pecado original) sintonizar com a sabedoria de Deus, com o “projeto” de Deus.
Com a vinda de Cristo e o envio do Espírito Santo, Deus revela plenamente qual é o verdadeiro bem do homem, elevado à ordem da graça, e transformado em filho de Deus, chamado a um destino eterno. O homem conta agora com a plenitude da revelação divina (da verdade), levada a cabo por Cristo (o “evangelho”, a Boa Nova) e com a luz interior do Espírito Santo, que é o Amor de Deus em pessoa.

(continua)

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