UM TESOURO PERDIDO


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Todos lemos, ou vimos em filmes, aventuras de “busca do tesouro”. São  aventuras infantis, com as de Tom Sawyer, ou dramáticas como as que descreve Robert L. Stevenson no romance A ilha do tesouro.
Estou convencido de que hoje há um tesouro precioso, que está perdido e é urgente recuperar. Imagino que a maioria dos leitores não vai entender se lhe digo que esse tesouro são os «transcendentais do ser». No entanto, estou mencionando algo que hoje faz uma falta tremenda à maioria das pessoas, tanta falta como o alimento e a água.
A filosofia clássica nos diz que esses transcendentais são quatro: Unum, Verum, Bonum, Pulchrum, quer dizer, a Unidade, a Verdade, a Bondade e a Beleza.
Esses transcendentais formam em Deus uma unidade absolutamente simples e perfeita, que funde esses tesouros em grau máximo no próprio ser de Deus. Nós temos que procurá-los um a um… embora quem vai atrás de um deles facilmente encontrará os outros.
É preciso começar dando-nos conta de que os quatro transcendentais correspondem às necessidades mais profundas do nosso ser, às nostalgias íntimas que a maioria ignora, mas cuja ausência é a causa profunda da desorientação e do sofrimento inexplicável .
─ Que sede oculta de Unidade há neste mundo dilacerado, esmigalhado, como um caleidoscópio onde tudo é reativo e não parece haver nada fixo. Muitos, como diria Mário de Andrade, são trezentos e não uma só pessoa; ou seja, não são uma personalidade única, coerente, harmônica, mas pretendem soldar o insoldável: a verdade com a mentira ou com trezentas mentiras; o egoísmo doentio com compensações fugazes de amor inconsistente; a solidariedade e bem-estar da humanidade com as injustiças pessoais e a indiferença em relação aos mais próximos na família e no trabalho; o amor à Natureza com a abolição da natureza humana…
─ Que nostalgia profunda da Verdade! De uma verdade que não mude de cor nem de direção a cada cinco minutos, conforme o arbítrio de cada um. De uma Verdade com maiúscula como a estrela dos Magos, que às vezes pode se ocultar e tornar difícil o caminho, mas que nunca vira no seu contrário, nem se desmente, nem reduz o seu conteúdo, antes permanece fiel a si mesma e brilha como um astro inapagável, capaz de orientar a vida com a segurança de Deus.
─ Que nostalgia também da Bondade, que assinala sem erro a diferença entre o bem e o mal. «Nenhum homem ─ escrevia São João Paulo II ─ pode esquivar-se às perguntas fundamentais: Que devo fazer? Como discernir o bem do mal? A resposta somente é possível graças ao esplendor da verdade que brilha no íntimo do espírito humano, como atesta o salmista: Muitos dizem: “Quem nos fará ver o bem?” Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face (Sl 4, 7).
»A luz da face de Deus – continua o Papa – resplandece em toda a sua beleza no rosto de Jesus Cristo, imagem do Deus invisível (Col 1, 15), resplendor da sua glória (Heb 1, 3), cheio de graça e de verdade (Jo 1, 14): Ele é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6). Por isso, a resposta decisiva a cada interrogação do homem, e particularmente às suas questões religiosas e morais, é dada por Jesus Cristo, mais ainda, é o próprio Jesus Cristo» (Encíclica Veritatis splendor).
─ Por fim, temos uma imensa sede da autêntica Beleza, sinal de Deus, suprema Beleza. O Papa Bento XVI insistiu muitas vezes em que a via pulchritudinis, ou seja a via da beleza, é hoje um dos mais excelentes caminhos para chegar a Deus. A nossa alma tem sede do Deus vivo, anseios de contemplar o rosto de Deus (cf. Sl 41[42], 3), de ver o mais belo dentre os filhos dos homens (Sl 44[45], 3), JesusCristo.
Um dos sinais mais evidentes da negação do «rosto de Deus» numa cultura é a exaltação cada vez maior do feio, do sujo, do repulsivo, do grosseiro, do caricato, do disparatado, do dissonante: na música, na pintura, na literatura, no teatro, no cinema… Deus não pode estar lá onde impera uma estética de banheiro público.
Quando Deus, a Beleza por essência da qual participam todas coisas belas, é expulso da escola, das leis, da mídia de múitos braços ─ como a deusa hindu Durga ─ , perde-se um dos caminhos mais límpidos que existem para encontrar a Deus.
A perda dos transcendentais talvez seja o sinal mais evidente da exclusão de Deus. Mas, precisamente por isso, constitui a maior carência, a maior fome de que o mundo padece, ainda que a imensa maioria não sinta isso de modo explícito. Muitos corações cansados, traídos, decepcionados, estão gritando sem saber, com grandes vozes silenciosas, o que pedia um grupo de pagãos no dia da entrada de Cristo em Jerusalém: Queremos ver Jesus! (Jo 12, 21).
Adaptação de um trecho do nosso livro Procurar, encontrar e amar a Cristo

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