OSSOS DE VIDRO E ASA QUEBRADA

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Já faz anos que foi dito que a cultura atual é a do tempo after vertues, o tempo posterior aos milênios das virtudes, já deixados para trás. As virtudes sempre definiram o caráter e o valor de uma pessoa, e eram apontadas como elementos básicos da educação, desde Platão até “anteontem”. Agora, há cinquenta anos que estão sendo ignoradas: não são conhecidas, não são valorizadas, e muito menos ensinadas: nem no lar (se é que existe lar), nem nas escolas, laicas nem nas confessionais.
Estou me referindo às virtudes humanas, que desde há milênios os pagãos do Ocidente e do Oriente, viam com clarividência que eram necessárias para a formação de uma autêntica personalidade “humana”: a prudência, a justiça, a fortaleza, a temperança, e as dezenas de outras virtudes ligadas a elas.
Sem virtudes humanas solidamente adquiridas, as crianças e os jovens  crescem como um garoto doente do mal dos “ossos de vidro”. Qualquer batida lhe causa uma ou várias fraturas.
Uma criança que sofra dessa doença, está perdida se cai nas mãos de pais ou professores irresponsáveis. Pode ser uma criança (ou um jovem) alimentada com capricho, vestida com o bom e melhor, beneficiada com os melhores presentes, mas se pais e professores não cuidam de amparar a sua fragilidade com as medidas médicas e os procedimentos técnicos mais eficazes, sofrerá uma fratura atrás da outra e chegará, afinal, à incapacitação ou a morte.
Pois bem, pense: Há pais que criam os filhos para que, muito cedo, acabem reduzidos a cacos. Dão-lhes (assim o julgam) o melhor possível em tudo, menos a formação humana e moral. Não cultivam neles, desde a primeira infância, virtudes autênticas, com o incentivo do seu exemplo e com o acompanhamento de uma formação prática e paciente, pedagogicamente acertada, incansável. Contentam-se com agradá-los, com ver que são “bons meninos”, cheios de boa vontade e de bons sentimentos, ainda que não tenham virtudes (firmeza, constância, responsabilidade, autodomínio, delicadeza no trato, ordem, temperança, etc.), e, assim, os deixam abandonados aos seus caprichos, molezas e abusos, com os “ossos de vidro” na alma…, desde que tirem notas boas,  não apanhem doenças nem vícios maiores e não criem encrencas por aí (gravidezes precoces, etc).
Convença-se de que a boa vontade e os bons sentimentos, sem o arcabouço das virtudes, são como um pássaro de asa quebrada. Uma das estórias mais lindas de Guimarães Rosa fala de um casal de garças alvíssimas, que apareciam, ano após ano, junto do riachinho Sirimim. Uma delas, atacada por um bicho do mato, foi achada um bom dia, enroscada em folhagens e cipós, com uma asa estraçalhada. «Durou dois dias. Morreu muito branca. Murchou».
Eu não gostaria que esse fosse o epitáfio do filho de ninguém. Mas muitos pais o estão preparando.

Adaptação de um trecho do livro A força do exemplo

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