DEUS NA VIDA COTIDIANA

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PARECE-TE POUCA LOUCURA?

            Ponto de luz«Tens obrigação de santificar-te. – Tu também. – Alguém pensa, por acaso, que é tarefa exclusiva de sacerdotes e religiosos?
A todos, sem exceção, disse o Senhor: “Sede perfeitos, como meu Pai Celestial é perfeito”» (Caminho, n. 291).

Quando o chamaram de louco?

São Josemaria estava em São Paulo. Era um dia de maio de 1974 de uma luminosidade transparente. Reunido com estudantes, escutou esta pergunta de um rapaz:

– Padre, por quê, quando e quem o chamou de louco?

– «Parece-te pouca loucura – respondeu são Josemaria – dizer que no meio da rua se pode e se deve ser santo? Que pode e deve ser santo o homem que vende sorvetes num carrinho, e a empregada que passa o dia na cozinha, e o diretor de uma empresa bancária, e o professor da Universidade, e aquele que trabalha no campo, e aquele que carrega fardos nas costas…? Todos chamados à santidade! Agora isto foi acolhido pelo último Concílio, mas naquela época  [1928, ano da fundação do Opus Dei] não cabia na cabeça de ninguém. Agora parece natural, mas naquela altura não era assim»[1].

Não há cristãos de segunda categoria

            Durante séculos, era comum que, inconscientemente, os católicos fossem divididos em três categorias:

– O católico relaxado, de missas de sétimo dia, orações esporádicas e visitas turísticas a igrejas bonitas, que “acordava” na idade madura para o fato de que ainda nem era crismado.

– O católico “praticante”, umas vezes fervoroso e exemplar; outras, pelo contrário, apenas um “cumpridor de tabela religiosa”, sem o calor de uma fé que influenciasse a vida.

– O católico com “vocação”. Assim se falava da pessoa que Deus chamava para largar as coisas do mundo e se dedicar plenamente a Ele e à Igreja como padre, freira, monge ou frade.

Só a essa última categoria atribuía-se o dever de procurar a santidade. As pessoas não tinham visto ainda nas igrejas imagens de santos de paletó e gravata, de roupas de atriz de teatro, de jaleco de doutor, de macacão e chave inglesa[2].

Deus pediu a são Josemaria que dissesse “não” a esses clichês. «Não há cristãos de segunda categoria – afirmava –, obrigados a pôr em prática apenas uma versão reduzida do Evangelho»[3].

Realismo da santidade

Com grande firmeza, ensinava que Deus dá a vocação para a santidade e para o apostolado a todo “cristão comum” já a partir do Batismo, onde se “reveste de Cristo” (cf. Gl 3,27), como dizia são Paulo.

«Deus – afirmava São Josemaria – não te arranca do teu ambiente, não te retira do mundo, nem do teu estado de vida, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional… mas, aí, te quer santo!»[4].

Em uma homilia – que muitos consideram um marco na doutrina sobre a santidade dos leigos –, são Josemaria dizia o seguinte: «Meus filhos: aí onde estão os nossos irmãos os homens, aí onde estão as nossas aspirações, o nosso trabalho, os nossos amores, aí está o lugar do nosso encontro cotidiano com Cristo. É no meio das coisas mais materiais da terra que nós devemos santificar-nos, servindo a Deus e a todos os homens».
»Deus espera-nos cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho: há algo de santo, de divino, escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós compete descobrir».
»Não há outro caminho, meus filhos: ou sabemos encontrar o Senhor na nossa vida de todos os dias, ou não o encontraremos nunca»[5].
[1] Salvador Bernal, Perfil do fundador do Opus Dei, Ed. Quadrante, São Paulo 1977, p. 130
[2] No dia 18 de maio de 2019 foi beatificada Guadalupe Ortiz de Landázuri, fiel leiga da Prelazia do Opus Dei, doutora em Química, pesquisadora, ganhadora de prêmios internacionais, e professora na sua especialidade.Talvez não demoremos a vê-la nos altares carregando uma proveta numa mão e a tabela periódica na outra. A Igreja já beatificou e canonizou anteriormente vários outros cristãos leigos, solteiros e casados,  de diversos países e profissões.
[3] É Cristo que passa, n. 134
[4] Forja, n. 362
[5] Amar o mundo apaixonadamente, Ed. Quadrante, São Paulo 2010, págs. 16-18

Trecho do livro Deus na vida cotidiana, Cultor de Livros, 2019

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