A Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria


A Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, teve lugar na praça de S. Pedro, no Vaticano, em 25 de Março de 1984.
Para esse efeito, o Papa João Paulo II pediu a presença da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, venerada na Capelinha das Aparições.
Diante da Imagem, o Papa repetiu o Acto de Entrega que havia feito em Fátima em 13 de Maio de 1982.
A 1 de Abril de 1984, na edição semanal em Português do jornal do Vaticano "L´Osservatore Romano" é feito o relato da presença da Imagem no Vaticano:
A Imagem chegou ao Vaticano, directamente da Capelinha das Aparições, no dia 24 de Março, levada por D. Alberto Cosme do Amaral, Bispo de Leiria. À chegada foi acolhida no Pátio de S. Dâmaso e, logo depois, levada em procissão até à Capela Paulina, no Palácio Apostólico, onde permaneceu até às 21h00, e onde recebeu a homenagem de muitos fiéis.
Às 21h00 foi levada para a Capela dos aposentos pontifícios.
Na manhã seguinte, a celebração do Jubileu para as famílias, iniciou  com a entrada processional de Nossa Senhora de Fátima na Praça de S. Pedro.
Após a saudação do Papa aos peregrinos, e após a liturgia da Palavra foi feita a homilia e, ao termino da cerimónia, à hora do "Angelus", João Paulo II recitou junto da Imagem o Acto de Entrega do mundo e dos Povos.
De seguida, o Acto de Entrega a Nossa Senhora:  


Acto de Entrega – 25 de Março de 1984

A família é o coração da Igreja. Eleve-se hoje deste coração um acto de particular entrega ao Coração da Mãe de Deus.
No Ano Jubilar da Redenção queremos confessar que o Amor é maior que o pecado e que todos os males que ameaçam o homem e o mundo.
Com humildade invocamos este Amor:
1. “À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus”!
Ao pronunciar estas palavras da antífona com que a Igreja de Cristo reza há séculos, encontramo-nos hoje diante de Vós, ó Mãe, no Ano Jubilar da nossa Redenção.
Estamos aqui unidos com todos os pastores da Igreja por um vínculo particular, pelo qual constituímos um corpo e um colégio, do mesmo modo que os Apóstolos, por vontade de Cristo, constituíram um corpo e um colégio com Pedro.
No vínculo desta unidade, pronunciamos as palavras do presente Acto, no qual desejamos incluir, uma vez mais, as esperanças e as angústias da Igreja pelo mundo contemporâneo.
Há quarenta anos atrás, e depois ainda passados dez anos, o Vosso servo o Papa Pio XII, tendo diante dos olhos as dolorosas experiências da família humana, confiou e consagrou ao Vosso Coração Imaculado todo o mundo e especialmente os Povos que, pela situação em que se encontram, são particular objecto do Vosso amor e da Vossa solicitude.
É este mundo dos homens e das nações que nós temos diante dos olhos também hoje: o mundo do Segundo Milénio que está prestes a terminar, o mundo contemporâneo, o nosso mundo!
A Igreja, lembrada das palavras do Senhor: “Ide… e ensinai todas as nações… Eis que eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt. 28, 19-20), reavivou, no Concilio Vaticano Segundo, a consciência da sua missão neste mundo.
Por isso, ó Mãe dos Homens e dos povos, Vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o nosso mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos directamente ao Vosso Coração; e abraçai, com o amor da Mãe e da Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.
De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas nações, que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade.
“À Vossa protecção nos acolhemos Santa Mãe de Deus!” Não desprezeis as nossas súplicas que a vós elevamos, nós que estamos em provação!
2. Encontrando-nos hoje diante de Vós, Mãe de Cristo, diante do Vosso Coração Imaculado, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos com a consagração que, por nosso amor, o Vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: “Por eles eu consagro-me a Mim mesmo – foram as suas palavras – para eles serem também consagrados na verdade (Jo. 17,19).
Queremos unir-nos ao nosso Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu Coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e de conseguir a reparação.
A força desta consagração permanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações; e supera todo o mal, que o espírito das trevas é capaz de despertar no coração do homem e na sua história, e que, de facto, despertou nos nossos tempos.
Oh! quão profundamente sentimos a necessidade de consagração, pela humanidade e pelo mundo: pelo nosso mundo contemporâneo, em união com o próprio Cristo! Na realidade, a obra redentora de Cristo deve ser pelo mundo participada por meio da Igreja.
 
Manifesta-o o presente Acto da Redenção; o Jubileu extraordinário de toda a Igreja.
Sede bendita, neste Ano Santo, acima de todas as criaturas, Vós, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento divino!
Sede louvada, Vós que estais inteiramente unida à consagração redentora do Vosso Filho!
Mãe da Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! Iluminai de modo especial os povos dos quais esperais a nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo pela inteira família humana do mundo contemporâneo.
3. Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no Vosso Coração materno.
Oh, Coração Imaculado! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal que tão facilmente se enraíza nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a nossa época e parece fechar os caminhos do futuro!
 
Da fome e da guerra livrai-nos!
 
Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável e de toda a espécie de guerra, livrai-nos!
 
Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos!
Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos!
De todo o género de injustiças na vida social, nacional e internacional, livrai-nos!
Da  facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos!
Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos!
Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos!
Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos!
Acolhei, ó Mãe de Cristo, este clamor carregado de sofrimento de todos os homens!
Carregado do sofrimento de sociedades inteiras!
Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todos os pecados: o pecado do homem  e o "pecado do mundo", enfim, o pecado em todas as suas manifestações.
Que se revele, uma vez mais, na história do mundo a infinita potência salvífica da Redenção: a força infinita do Amor Misericordioso!    Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no Vosso Coração Imaculado, a luz da Esperança!

Recorda ainda a mesma publicação oficial que, na tarde desse Domingo 25 de Março, o Santo Padre João Paulo II, antes de se dirigir à Sala Paulo VI para se encontrar com as famílias, desceu à Basílica de S. Pedro para prestar as suas homenagens a Nossa Senhora, antes de a Imagem ser levada para a Basílica de São João de Latrão, onde permaneceria toda a noite em uma vigília de oração promovida pelos movimentos marianos de Roma.
João Paulo II, após uns momentos de prece diante de Nossa Senhora, dirigiu-se aos fiéis ali presentes e teceu palavras de agradecimento a Nossa Senhora pela visita, agradecimento que estendeu a D. Alberto Cosme do Amaral por ter levado a Imagem, recordou todos os passos da Imagem durante os dois dias e concedeu uma bênção a todos os que ali se encontravam e à Igreja inteira de Roma.

Texto retirado do: http://www.santuario-fatima.pt

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